Logística e câmbio encarecem fertilizantes

Audiência pública discute formas de baratear esse insumo, que, em 75% dos casos, é importado

A logística e o câmbio foram apontados como algumas das principais causas para o alto custo do fertilizante no Brasil. Hoje, 75% dos produtos usados nas lavouras brasileiras são importados. O assunto foi discutido em uma audiência pública na tarde desta terça, dia 17, em Brasília.

Para a associação brasileira de produtores de algodão, o preço do produto calculado em dólar é a principal causa da manutenção da área plantada, hoje estimada em um milhão de hectares, e também da produtividade.

“Os fertilizantes tinham, há sete ou oito anos, uma participação de 13% nos nossos custos. Hoje, ele está em 22% no nosso custo de produção. Nós já estamos usando menos fertilizante, e nos últimos 5 anos a nossas produtividades pararam de aumentar”, diz Almir Montecelli, diretor técnico da Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão).

Para a associação, a saída seriam mais jazidas de minérios no Brasil, uma iniciativa que precisa partir do governo federal. Essa é uma das alternativas vistas pelo deputado federal Luis Carlos Heinze (PP-RS) propôs a audiência pública realizada nesta terça: estimular a indústria nacional para aumentar a competitividade e reduzir os preços.

“Nós estamos fazendo essa discussão para que o produtor brasileiro possa ter um produto mais barato. O preço da soja no mercado internacional é o mesmo. Eu não posso ter um produtor americano pagando o defensivo 140% mais barato, o fertilizante 43% mais barato e o produtor brasileiro vendendo soja pelo mesmo preço no mercado internacional”, diz Heinze.
 

Antonio da Luz, economista-chefe da Farsul, aponta ainda outro problema: o fertilizante que chega ao agricultor é em média 50% mais caro do que o que chega aos portos: “Vemos que as margens entre os preços são muito distantes, chegando em alguns casos a até 120%. Mas, na média, nos últimos 6 anos variou entre 50% e 60%. É uma margem muito alta”.

Carlos Eduardo Florence, diretor-executivo da Associação de Misturadores de Adubos – a AMA Brasil, que reúne cem empresas – explica que a logística é responsável por cerca de 25% a mais no preço. “Tem que reduzir o frete internacional, estradas melhores. É esse o caminho, não tem outro. Ou o governo subsidiar (o fertilizante) como ocorre em outros países”, diz.