Resistente à seca, sorgo ganha espaço na segunda safra em Minas e Distrito Federal

Grão é utilizado como alternativa ao milho, apresentando menor custo e alta produtividadeO sorgo vem sendo usado como alternativa para o plantio de segunda safra por produtores de Minas Gerais e do Distrito Federal. O cereal tem a vantagem de ser resistente à seca e a altas temperaturas.

O produtor rural André Machado, de Uberlândia (MG), deve iniciar o plantio de sorgo granífero numa área de 150 hectares na próxima semana. Ele cultiva o cereal na segunda safra em lugar do milho.

– Estamos saindo da janela de plantio do milho da nossa região e, para amenizar um pouco o risco, optamos pela cultura do sorgo, que é uma cultura mais resistente e mais tolerante à falta d’água – diz ele. Segundo o produtor, o custo de produção do sorgo é de cerca de R$ 600 por hectare. A produtividade ultrapassa 80 sacas por unidade de área.

A produção estimada para a safra mineira 2014/2015 é de 506 mil toneladas, o que representa 25% do total produzido no país. Nos últimos anos, a produtividade do grão cresceu 70%, atingindo a média de 3 mil quilos por hectare.

Distrito Federal

No Distrito Federal, os produtores devem ocupar com sorgo 30% das áreas ocupadas na safra de verão com soja. A região deverá ser a unidade da federação com maior aumento de produtividade na safra 2014/2015, segundo o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A expectativa é que sejam colhidas 3,5 toneladas por hectare, quase mil toneladas a mais do que o esperado para a média nacional.

Apesar de ser vendido a um preço 40% menor do que o do milho, o grão apresenta vantagens no custo de produção. As sementes são 80% mais baratas e a incidência de pragas também é menor.

– Ele requer menos tratos culturais. Por exemplo, cobertura é menor, questão de pragas é menor. Com uma aplicação, você consegue colher. Quando é milho, você tem que ter duas ou até três – afirma o produtor rural Leandro Maldaner, que vai substituir com sorgo 250 dos 700 hectares em que plantou soja. No ano passado, a área foi totalmente voltada para o milho durante a segunda safra.

Variedades

O sorgo silageiro e o granífero são utilizados na alimentação de aves e ruminantes. Já o sorgo sacarino pode ser utilizado na produção de etanol de primeira geração.

Uma das variedades que mais cresce no país é o sorgo de biomassa. O colmo seco e a estrutura elevada favorecem a cogeração, processo que transforma a energia térmica em energia elétrica.

– Esses materiais de porte mais alto, que são o silageiro, o biomassa e o sacarino, são extremamente sensíveis ao fotoperíodo, que é o comprimento do dia. Então temos que implantá-los no início das águas, até o dia 23 de dezembro – afirma o pesquiador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) Carlos Juliano.

No Triângulo Mineiro, prevalece o sorgo granífero, uma variedade precoce com ciclo de produção de 90 dias. Com elevado potencial nutritivo, ela pode substituir o milho na alimentação de aves, suínos e bovinos. 

– Quando eu faço uma alimentação à base de sorgo ela é um pouco diferente daquela que eu faço com milho, mas isso não implica aumentar o custo da ração. Ao contrário, eu tenho redução média de até 10% no custo da formulação – afirma o professor de nutrição da Universidade Federal de Uberlândia, Evandro de Abreu Fernandes.

Seguindo ele, a ração preparada com o grão reduz o custo da dieta e aumenta a capacidade digestiva do animal.

Editado por Luis Roberto Toledo