Saca de trigo fica R$ 10 abaixo do preço mínimo no RS

Baixas cotações preocupam produtores e entidades, já que ainda falta vender metade da safra e cenário pode levar a redução de área na próxima safra

Fonte: Pixabay/divulgação

A cotação do trigo no Rio Grande do Sul recuou tanto que a saca chega a valer R$ 10 a menos do que o preço mínimo estabelecido pelo governo. Produtores e entidades do setor agropecuário estão preocupados, pois ainda falta vender metade da safra. O assunto foi um dos principais temas discutidos nesta quinta-feira, dia 16, na segunda edição da Expo Agro Cotricampo, em Campo Novo (RS).

A última safra gaúcha de trigo teve resultados muito melhores do que as duas anteriores, alcançando 2,7 milhões de toneladas. Mas, se não houve a quebra de outros anos, agora os agricultores são afetados pelo baixo preço: alguns receberam R$ 27 pela saca do cereal, contra um preço mínimo de R$ 38,65.

As baixas cotações vão desestimular os produtores para próxima safra, levando o presidente da comissão de trigo da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Hamilton Jardim, a projetar uma redução de área para os cultivos, que têm início em maio. 

Na próxima semana, produtores, cerealistas, bancos e lideranças do setor vão conversar sobre o assunto. O secretário estadual de Desenvolvimento Rural, Tarcísio Minetto, afirma que é preciso buscar um caminho alternativo. Segundo ele, mesmo a realização de leilões pelo governo federal não está sendo suficiente para dar liquidez à comercialização. “É claro que temos opções de mercado externo, mas, às vezes, isso não flui como se espera”, diz.

Na região de Campo Novo, considerada um celeiro do trigo, produtores estão conseguindo preços mais atrativos nos moinhos. A justificativa para isso está na qualidade e também na industrialização do cereal.

A Cotricampo, importante cooperativa local, por exemplo, segrega o trigo e o transforma em grande variedade de produtos. A estratégia permite remunerar melhor os 9 mil associados. De acordo com o presidente da entidade, Gelson Bridi, isso permitiu, por exemplo, pagar pelo trigo pão até 11% a mais que a média do estado. “Com o trigo branqueador, nós também fazemos um trabalho há vários anos com nossos associados, coseguindo remunerar acima de 20% a mais que o trigo pão. A gente faz a segregação desse trigo para a nossa indústria, para as farinhas Cotricampo”, conta Minetto.

Na abertura da Expo Agro Cotricampo, o presidente da cooperativa fez um apelo ao governo para que sejam reforçadas as compras diretas, de forma a dar mais rentabilidade aos produtores.