Conab prevê produção recorde de grãos em 2014/2015

Alta na produtividade do milho segunda safra levou a revisão positiva das estimativas

Fonte: Danoil Bianchi/Arquivo Pessoal

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revisou para cima as suas estimativas para a produção de grãos na safra 2014/2015, citando o ganho de produtividade do milho segunda safra no Sudeste, Centro-Oeste e no Paraná.

A expectativa é de que a produção nacional totalize 209,5 milhões de toneladas, um aumento de 8,2% em relação à temporada passada. Os dados foram divulgados hoje, dia 11, no 12º  levantamento da safra. No relatório passado, a estimativa era de que a produção somasse 208,8 milhões de toneladas.

A área cultiva foi estimada em 58,04 milhões de hectares, 1,7% maior que na safra passada e uma revisão positiva ante os 57,792 milhões de hectares projetados em agosto. Dos principais produtos analisados, a soja e o milho segunda safra apresentaram variação positiva de 6,4% e 4,1%, respectivamente, na área, com destaque para a soja, que apresentou crescimento de 1,9 milhão de hectares.

A produtividade deve registrar aumento de 6,4% em relação ao ano passado, para 3,609 mil quilos por hectare. No relatório passado, a Conab esperava um aumento de 6,5%, para 3,614 mil quilos por hectare. Os dados excluem a produtividade de algodão em pluma.

Soja

A produção da soja deve registrar um aumento de 11,8% em sua produção, em relação ao registrado em 2013/2014, para 96,24 milhões de toneladas, volume recorde. O novo montante representa uma leve revisão positiva ante o estimado pela Conab em agosto (96,203 milhões de toneladas).

Os produtores brasileiros investiram em modernos pacotes tecnológicos de produção no começo do plantio, reagindo ao atraso na colheita da safra dos Estados Unidos, as irregularidades do clima na América do Sul e a valorização do dólar, que provocaram a recuperação das cotações.

– Apesar dos preços não apresentarem bom suporte para a safra que se iniciava, os produtores consideraram o plantio da oleaginosa como a melhor opção, frente às demais lavouras concorrentes – afirma trecho do relatório.

No Centro-Oeste, maior produtor da oleaginosa do país, o estresse hídrico registrado entre a segunda quinzena de novembro de 2014 e a primeira quinzena de janeiro de 2015 prejudicou o desenvolvimento das lavouras. A melhoria das condições climáticas em outubro e o uso intenso de técnicas modernas contribuíram para que em novembro tenha ocorrido o maior percentual de plantio da soja nas últimas seis temporadas – 52,6% do plantio total.

Milho

O milho deve ter um crescimento de 5,8%, para 84,729 milhões de toneladas, volume maior que o estimado anteriormente (84,304 milhões de toneladas). A produtividade deve aumentar 6,4%, para 5,382 mil quilos por hectare, enquanto a área plantada recuará 0,5%, para 15,743 milhões de hectares.

Apesar da forte alta registrada nos preços internacionais do milho no começo do primeiro semestre, ela foi insuficiente para incentivar os agricultores brasileiros a cultivar milho, resultando em uma redução na intenção de plantio na primeira safra (-7% em relação ao ano anterior).

– A produção de milho da primeira safra no Brasil tem diminuído sua participação ao longo dos anos, representando na temporada 2014/2015 36% da oferta total, implicando num quadro de forte inversão quando comparado ao que ocorria num passado recente – diz a Conab.

Com isso, a produção de milho primeira safra de 2014/2015 totalizou 30,244 milhões de toneladas, um decréscimo de 4,4%. A região Sul, Sudeste e Matopiba representaram as maiores participações nacionais, contribuindo com 46%, 26% e 11%, respectivamente, da produção nacional.

No caso da segunda safra, a Conab projeta que a produção cresceu 12,6%, para 54,485 milhões de toneladas, com um aumento de 8,2% da produtividade, para 5,683 mil quilos por hectare, e de 4,1% da área, a 9,587 milhões de hectares.

Na véspera do plantio da segunda safra, os produtores estavam propensos a diminuir a área plantada, alegando que as cotações enfraqueceram no final do primeiro semestre, que coincidiu com a evolução da safra nos Estados Unidos. No entanto, o clima acabou sendo propício em grande parte das regiões produtoras, aumentando a produtividade das lavouras.

Arroz

Para o arroz, as estimativas apontam para um aumento de 2,7% na produção, para 12,448 milhões de toneladas, leve revisão positiva em relação ao que era esperado em agosto (12,432 milhões de toneladas).

O resultado será atingido apesar da redução de 3,3% na área plantada, uma vez que houve um aumento de 6,2% na produtividade, para 5,424 mil quilos por hectares, maior valor registrado pelos levantamentos de safra da Conab.

No Rio Grande do Sul, maior produtor nacional de arroz, a área plantada ficou estável na comparação com a safra 2013/2014, em 1,120 milhão de hectares. Com o crescimento de 6,3% da produtividade, a colheita deve somar 8,624 milhões de toneladas.

Trigo

A Conab calcula que a produção de trigo deve chegar a 7,070 milhões de toneladas, aumento de 18,4% ante a safra passada, ficando acima do previsto no relatório de julho (6,995 milhões de toneladas).

A área de cultivo deve cair 10,4%, para 2,470 milhões de hectares, mas a produtividade deve crescer 32,2%, a 2,862 mil quilos por hectare.

No Paraná, principal estado produtor de trigo do Brasil, os dados confirmam as expectativas iniciais de redução de 3,8% na área e aumento de 7,8% na produtividade, fazendo a produção totalizar 3,9 milhões toneladas, 3,7% maior do que a safra passada.