Suinocultor do RS trabalha com margem negativa após alta do milho

Custo do suinocultor é de R$ 3,40 por quilo do animal, contra preço médio de R$ 3,10, de acordo com associação de criadores do estado

Fonte: Fernanda Farias/Canal Rural

O suinocultor do Rio Grande do Sul está trabalhando com margens negativas neste mês, após a disparada do preço do milho, afirmou o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Luis Folador. “É uma situação muito preocupante que pode comprometer todo a cadeia produtiva e muitos empregos”, afirmou. 

Segundo ele, atualmente a saca de 60 kg do milho está em torno de R$ 40, posto em granja, no Rio Grande do Sul. Com isto, o custo de produção do suíno está acima do preço pago ao produtor: R$ 3,40 o quilo, ante preço médio pago de R$ 3,10. 

Nesta mesma época em 2015, a situação era bem mais confortável para o criador gaúcho. A saca do grão era cotada em R$ 24,60, o custo do suíno estava em R$ 2,90 o quilo e o valor recebido era de R$ 3,88 o quilo, de acordo com os dados da Acsurs. “Além do preço do grão, tivemos outras altas do último trimestre de 2015 para cá, como energia elétrica e impostos”, acrescentou Folador. 

O representante alerta também sobre uma possível escassez de milho no estado. “Com o volume que está sendo exportado, daqui a pouco não vamos mais ter o grão”, disse. Ele acredita que uma intervenção do Ministério da Agricultura possa contribuir para aliviar a situação do setor. 

No entanto, Folador ponderou que a liberação dos estoques da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) por si só não solucione a questão. “Sei que aqui no Rio Grande do Sul não há muito estoque do governo e depende também do preço que a Conab vai vender. Hoje, há a venda no balcão que é limitada a 6 mil quilos por produtor (o que é muito pouco) e o preço é de R$ 36,60 por saca”, afirmou. 

O presidente da Acsurs não afastou a possibilidade de importação de grão da Argentina e Paraguai, o que já foi citado por outros representantes do setor de carnes. Para o representante, atualmente a compra de produto desses países ainda é economicamente inviável, mas pode ser concretizada em um curto espaço de tempo se o preço do cereal brasileiro continuar a subir.