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Produtores do Sealba avançam com colheita da 3ª safra do milho

Investimento em lavouras no Nordeste mostram uma boa produtividade em momento que o restante do país ainda estão sem o grão

O Brasil se beneficia do clima tropical e já  inicia a colheita da terceira safra de milho com excelentes médias de produtividades no sertão e agreste nordestino, que projeta crescimento na infraestrutura para acompanhar o desenvolvimento da região, considerada a nova fronteira agrícola do país

Enquanto a soja ainda se desenvolve na maior parte das áreas brasileiras, na propriedade de 800 hectares do Ercilon Euclides de Lima, em Itapicuru, na Bahia, tem colheitadeira acelerada no campo e enxurradas de milho sendo despejadas no silos-bolsas. Os resultados obtidos superaram as expectativas positivas do agricultor.

“O clima tem nos ajudado este ano e nós temos um acumulado de 1.250 milímetros, com uma umidade do ar entre 80% a 90%, tudo isso tem favorecido para o crescimento e desenvolvimento da planta e, ao final da nossa colheita, esperamos uma produtividade em cima de 158 a 163 sacas por hectares, com um grande diferencial, nós estamos colhendo uma safra, quando em nenhum estado deste país tem colheita de milho e diante desses preços bons que está acontecendo neste momento nós vamos fazer mais investimento na área”, disse o agricultor.

A retirada de grãos fora época na região da Sealba, que engloba os estados de Sergipe, leste da Bahia e parte do litoral alagoano, segue o calendário de cultivo de 20 de abril a 20 de maio, considerado pelos agricultores nordestinos como a terceira safra do país.

“Essa região é chamada de nordeste úmido que tem chuvas regulares. As nossas chuvas são concentradas e bem distribuídas de abril a setembro, proporcionando uma colheita sempre na entressafra de grãos do resto do Brasil. Conseguimos produzir bem nos solos com baixa fertilidade natural e conseguimos produzir muito bem em solos de alta fertilidade. Por isso, hoje, com o milho, a gente consegue produtividade até 200 sacos por hectare em sequeiro”, disse o agrônomo da G-Terra, Gilberto Bruno de Oliveira Silveira.

O pesquisador da Embrapa Marcelo Ferreira Fernandes aponta alguns fatores que contribuíram para a dinâmica da cultura do milho na região. “O aumento do período da estiagem no período da safra, assim como oscilações setoriais locais, como é o caso observado para cana-de-açúcar em Alagoas, essa região também experimentou ao longo dos últimos vinte anos um incremento bastante elevado na produtividade de milho, fruto das pesquisas realizadas na região bem como do empreendedorismo do produtor local na adoção dessas tecnologias.”

As novas tecnologias de maquinários presentes no campo também colaboram para a evolução da agricultura na região. ” Cada vez mais a Sealba aumenta o seu portfólio, pois a demanda está muito aquecida. São máquinas cada vez mais modernas, máquinas capazes de desenvolver vários e vários tipos de plantio, desde o plantio convencional, plantio direto, passando pelo plantio mecânico ao plantio pneumático, na distribuição de sementes”, disse Cássio Paulino Monteiro, representante comercial da Vence Tudo.

O espaço com agricultura empresarial na Sealba ainda é tímido e a maioria é composto por pequenos e médios produtores que cultivam entre 50 e 100 hectares, aproximadamente.  Nesta safra, quase 350 mil hectares de milho foram semeados, mas a meta do setor é dobrar a área nos próximos anos e diversificar com outras culturas. “Acredito que, de 5 a 10 anos estaremos com 750 mil hectares plantados e, nesse momento, a soja vai entrar e entrar muito forte, como está dando os primeiros passos na região”, disse Gilberto.

A inclusão da inserção social no projeto é recomendada pela Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) que comemora a safra intermediária nordestina entre a de verão e inverno no Centro-Oeste. “Estamos fazendo isso no interior de Pernambuco e estamos conseguindo resultados extraordinários, ensinando, colocando indivíduos assentados, pequenos agricultores e agricultores familiares, estamos fazendo eles sentarem em uma sala de aula e damos aula. Porque a semente é certificada, porque calcário, porque adubo, como faz a colheita, o transporte, enfim, fazemos toda a cadeia do plantio do milho. E com resultados muito importante”, explicou o presidente institucional da Abramilho, Cesário Ramalho da Silva.