Como em qualquer outro mercado, um dos segredos do sucesso no agronegócio é estar atento às oportunidades. O casal Marcelo e Renata de Jager, juntos há 13 anos, já tinha uma produção de grãos e de matrizes de ovelha consolidada, mas enxergou na venda decarne de cordeiro uma oportunidade de crescer.

Hoje, são mais de 1.300 animais na propriedade em Castro, no Paraná, 300 destinados ao trabalho de melhoramento genético. Os outros são ovinos de corte para atender a demanda.

Para confinar todo o rebanho, os de Jager contaram com recursos do Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica na Produção Agropecuária (Inovagro). Foram construídos quatro barracões.

Os animais não ficam todos juntos, cada local tem uma função diferente: são separadas matrizes, prenhas, ovelhas que acabaram de dar a luz e os que estão em fase de engorda. Tudo organizado como se fosse uma linha de montagem, com produção constante.

– É muito difícil porque nós temos todo um processo; tempo para a ovelha, o tempo de prenhez, do crescimento, do cordeiro. O retorno é a longo prazo e o investimento precisa ser feito pra poder produzir, para produção ser mais eficiente – ressalta Renata.

Enquanto a Renata cuida da parte dos ovinos, o Marcelo fica responsável pela lavoura. Eles apostam produção integrada para redução dos gastos. Durante o inverno, na área de 75 hectares, é feito plantio e colheita de trigo, cevada e aveia. Parte dos grãos é vendida e o que sobra é destinado a silagem, para servir como base para a alimentação dos ovinos.Com isso, o Marcelo consegue economizar o gasto que teria caso tivesse que comprar toda a ração dos animais.

– Hoje, eu tiro a comida para o ovino e pago o meu inverno, que não vai custar nada no verão. Eu acho que na atividade, o produtor tem que produzir a comida, porque comprar de fora para tratar os animais é muito caro – explica Marcelo.

Apenas o sal mineral e alguns suplementos são comprados. Com recursos do Programa de Sustentação do Investimento, o Finame Rural PSI, eles modernizaram a frota e o trator já agiliza o trabalho.

– Da forma como fizemos é um investimento grande. O recurso do banco ajudou para fechar tudo e trabalhar, continuar produzindo, senão, se fosse um aumento gradual, demoraria muito – afirma Marcelo.

Os investimentos garantem a qualidade da carne. As ovelhas seguem para o abate com 120 dias, quando os adultos atingem uns 60 kg. As carcaças são vendidas ao preço médio de R$16 por quilo. A cooperativa Castrolanda cuida do beneficiamento até a venda final ao consumidor.

O legado dos de Jager deve seguir com os filhos – um menino de seis anos e uma menina de 12 – já inspirados pelo trabalho.

– Quando chegam da escola, os dois correm para saber o que aconteceu na propriedade, principalmente se nasceu um novo cordeiro. Na medida do possível, trabalham, observam e aprendem juntos. É a sucessão familiar! Os filhos um dia darem sequência aquilo que fazemos hoje – conta Renata.