A geração de empregos fez Vacaria se tornar recordista no país, entre municípios do interior, na criação de vagas formais no país em janeiro.
? A colheita, que começa em janeiro e vai até março, absorve boa parte da geração de vagas. Soja e milho também geram postos em agropecuárias e lojas de implementos agrícolas ? o secretário de Desenvolvimento, Tecnologia, Trabalho e Turismo de Vacaria, Alessandro Dalla Santa Andrade.
Entre os 10 municípios apontados na pesquisa do Ministério do Trabalho, as três primeiras posições são ocupadas por capitais: São Paulo, Belo Horizonte e Brasília, respectivamente.
Na agência de Vacaria da Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS/Sine), há cerca de 60 postos abertos para trabalhar nas chamadas câmaras frias.
? Normalmente, o que se exige é ter mais de 18 anos e Ensino Fundamental ? diz o coordenador da agência de Vacaria, José Bueno Pereira.
Entretanto, a cada ano, se torna mais difícil conseguir mão de obra para trabalhar na colheita e nos processos de seleção e embalagem. O problema se agravou no último ano, com a recuperação da economia e a migração para empregos fixos de muitos trabalhadores que antes se dispunham a ser safristas. Cerca de mil vagas ainda estão disponíveis.
? Algumas empresas têm trazido trabalhadores de São Paulo ? afirma o presidente da Associação Gaúcha dos Produtores de Maçã (Agapomi), Blaise de Laurence Castelet.
Empresários do setor da maçã apontam o avanço da construção civil, com o incentivo de programas do governo federal como o Minha Casa, Minha Vida, em todo o Estado, a volta das contratações pela indústria em Caxias do Sul, município próximo a Vacaria, e investimentos em reflorestamento na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul são os responsáveis pela falta de pessoal.
Ao todo, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Assalariados Rurais de Vacaria e Muitos Capões, Sérgio Poletto, estima que 10 mil serão contratadas para a safra na região. Vacaria tem 61 mil habitantes.
? Já ouvi histórias de gente que veio do Acre para trabalhar. Muitos mudaram de ramo até pelo fato de o piso ser baixo. Tivemos reajuste nos últimos anos, mas não muito significativo. Também existe uma rotatividade muito grande ? afirma Poletto.
Conforme o sindicalista, o piso para serviços gerais está em R$ 556,60 mais benefícios. O valor sobe conforme o cargo e os safristas têm a carteira assinada e ganham alojamento.
Somente numa das maiores empresas de Vacaria, a Rasip, aos 600 funcionários, se juntam outros 1,3 mil para a safra. Desses, 1,1 mil vão para a colheita. No processo de classificação e embalagem, o número de empregados dobra: de 200 para 400.
? Estamos trabalhando com 15% a menos de pessoal do que necessitaríamos ? diz o diretor de operações da Rasip, Celso Zancan.