O clima está favorável às lavouras nacionais de trigo, o que vem animando produtores consultados pelo Cepea, da Esalq/USP. Já em países que são importantes produtores mundiais, como Estados Unidos, Canadá e Europa, as condições climáticas não são as melhores. Nas duas bolsas norte-americanas que negociam trigo, a commodity está em forte alta. Na Argentina, principal fornecedor do Brasil, a safra está sendo semeada e o clima tem sido favorável.
No Brasil, houve geadas em algumas regiões do Rio Grande do Sul e do Paraná no começo da semana passada, mas não chegaram a prejudicar as lavouras. Agora, produtores nacionais estão atentos aos efeitos do El Niño, que pode elevar as chuvas no período de colheita do trigo, o que prejudicaria principalmente a qualidade do grão.
Nos Estados Unidos, o excesso de chuva tem afetado a produtividade e a qualidade da safra de inverno, que está sendo colhida. Na União Europeia, o clima também prejudica o desenvolvimento das lavouras. Há, também, estimativa de quebra de produtividade na Índia, segundo maior produtor de trigo. Esse cenário externo pode, inclusive, reduzir as estimativas de produção mundial.
Preços
Na Bolsa de Chicago (CME Group), o contrato Julho/15 do trigo Soft Red Winter teve expressiva alta de quase 16% entre as duas últimas segundas-feiras. Na Bolsa de Kansas, o contrato Julho/15 do trigo Hard Red Winter também teve aumento considerável, de 11,6%.
No mercado brasileiro, dados do Cepea mostram que as negociações do trigo em grão no atacado do estado de São Paulo ocorrem a valores estáveis; no Paraná, tiveram queda 1,7% entre as duas últimas segundas-feiras e, no Rio Grande do Sul, de 0,5%. No mercado de balcão (preço pago ao produtor), houve queda de 0,5% no Rio Grande do Sul e de 1,7% no Paraná em sete dias. Produtores nacionais acreditam que a possível redução na safra mundial possa elevar a liquidez e os preços internos.
Produção nacional
A área cultivada com trigo no Brasil neste ano é 9,2% menor que a de 2014, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), mas, por enquanto, a previsão é de que a produtividade aumente quase 25% em relação ao ano passado, quando o clima prejudicou muitas lavouras.
Com base nesses dados, a colheita de trigo brasileiro chegaria a 6,76 milhões de toneladas, 13,1% a mais que a de 2014, mas ainda requerendo importações significativas. Na safra passada, com a produção nacional estimada em 5,97 milhões de toneladas, a importação totalizaria 6,65 milhões de toneladas, segundo a Conab.