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Agronegócio feminino: o que as mulheres precisam para liderar?

Em bate-papo durante a 20ª Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque (RS), mulheres falam sobre o desafio de buscar espaço e igualdade no agronegócio

Mulheres do agro, Expodireto Cotrijal
Foto: Carolina Lorencetti/ Canal Rural

O início em uma atividade de liderança nunca é fácil para ninguém, não é? Mas parece que quando são mulheres assumindo a linha de frente, o desafio é dobrado. Ainda é preciso avançar na busca por igualdade, mas a boa notícia é que muitas mulheres já conquistaram seu espaço. No 2º Encontro Mulheres no Agronegócio, realizado pela Massey Ferguson e o Canal Rural durante a 20ª Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque (RS), produtoras rurais compartilharam o caminho trilhado para chegar lá.

Para uma plateia formada só por elas, quatro mulheres contaram suas experiências para alcançar de fato o protagonismo na atividade agrícola. Para Eloise Roos, engenheira agrônoma e produtora rural de 42 anos, lembrar do início é hoje motivo de orgulho. Aos 23 anos assumiu a propriedade do pai e conseguiu não apenas sugerir, mas – ainda mais importante – executar mudanças. Ela modernizou processos e atualmente conhece cada parte da atividade agropecuária, afirmando que  “a mulher dá atenção ao detalhe”.

Já para Ana Luisa Bertagnolli, o agronegócio não estava nos planos de carreira. No entanto, há três anos a então educadora especial pós-graduada em psicopedagogia trocou a sala de aula pelo escritório. Hoje,  é responsável pela área administrativo-financeiro do Grupo SA, que trabalha com agricultura, criação de gado e assistência técnica em 12 mil hectares nos municípios gaúchos de Alegrete e Santiago.

Ana Luisa está segura com a escolha e sente-se valorizada e respeitada na atividade. “Mulheres não estão medindo força com homens, elas buscam igualdade”, conta ela, que afirma ter alcançado o cargo de liderança por meio de esforço próprio e confiança no trabalho. Com uma experiência positiva na atividade, diz que seu maior desejo é deixar um legado para as duas filhas pequenas.

Algumas mulheres conquistam seu espaço não só pela competência, mas pela personalidade de liderança. Foi assim com Silvana Olga Binsfeld, nascida e criada no interior gaúcho, tem pulso firme em tudo que faz e acredita que isso a ajudou a liderar a atividade leiteira. “Ou você faz ir para frente, ou vai ter que abrir mão disso”, afirma Silvana. Desde que ela e o marido se lançaram na atividade leiteira, o olhar detalhista e noções claras de gestão por parte da agricultora impulsionaram a atividade que hoje, ela garante, é rentável.

Outras mulheres preferem não apenas assumir cargos de liderança, mas também inspirar e capacitar o público feminino. É o caso de Dulce Rech, assistente técnica regional da área social da Emater, principal órgão de extensão rural do Rio Grande do Sul. Ela deixa claro sua maior intenção profissional: ajudar a mulher a vencer o machismo e conquistar seu espaço no meio rural.

Por meio da coordenação de um trabalho desenvolvido em mais de 40 municípios gaúchos, Dulce tem chegado lá. “Aquela agricultora que é para frente, que é dinâmica, que participa de espaços sociais, reuniões, cursos e seminários, leva esse conhecimento para a propriedade e consegue ser ouvida, por que ela tem argumento e visão do negócio”, afirma.

Mulheres do agronegócio se encontram na Expodireto Cotrijal