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'Temos que contar a beleza do agronegócio para o brasileiro', diz Luiz Lara

Chairman da agência TBWA no Brasil afirma que a publicidade está ensinando que não existe dicotomia entre produzir e preservar

Luiz Lara, sócio-fundador da Lew’Lara\TBWA e chairman da TBWA no Brasil, foi o convidado desta edição do Canal Rural Entrevista, programa que agora está em novo horário na grade de programação. A atração pode ser acompanhada todas as terças-feiras, a partir das 18h30.

Formado em Direito pela Universidade de São Paulo, Luiz Lara, que em 1988 fundou a sua primeira agência de publicidade, conversou com o diretor de conteúdo do Canal Rural, Giovani Ferreira, sobre a imagem do agronegócio brasileiro e como a publicidade pode ampliar a mensagem de que, além de produzir, o campo também preserva.

Questionado se o brasileiro tem dimensão da importância do setor, Lara disse que sim, mas não na intensidade que deveria ter.

“O agro brasileiro é vitorioso, somos o maior exportador mundial de soja, o setor representa mais de 25% do PIB, gera riqueza, impostos. É a nossa vocação. Por outro lado, o agro é vítima de uma incompreensão sobre a questão do desmatamento. É preciso divulgar melhor o Código Florestal brasileiro. Ele é uma ferramenta que permite separar os vilões daqueles produtores que respeitam o Código Florestal, que preserva. Desde 1972, quando a Embrapa foi criada, nós aumentamos a nossa produtividade, conseguimos fazer duas lavouras por ano, temos a integração lavoura-pecuária-floresta. É preciso construir uma narrativa que mostra o quanto o nosso agronegócio é vitorioso”, diz. 

Segundo o chairman da TBWA no Brasil, a sustentabilidade é um tema que veio para ficar. “Fizemos uma pesquisa e vimos que 72% da população está preocupada com a questão. É preciso colocar a narrativa dentro da sociedade brasileira. Existem iniciativas de emissoras, marcas, agências. Todos estão mais conscientes, mas ainda estamos aquém do caminho que a gente precisa percorrer”, afirma.

Para Lara, a publicidade está ensinando que não existe dicotomia entre produzir e preservar. “Temos que contar a beleza do agronegócio para o brasileiro, que muitas vezes as pessoas não enxergam. Muita coisa está sendo feito dentro da porteira, nas empresas. O que falta agora é comunicar”.

Protecionismo

O Brasil neste momento, diz Lara, “está na vitrine e levando pedrada”.

“O Brasil só cresce porque desmata? Não é verdade. E o mercado internacional sabe disso. Mas existe o protecionismo. Além de fazer a lição de casa, o Brasil tem que mudar a narrativa internacional. Isso é diplomacia, mas também é comunicação na geopolítica”, afirma.

O chairman da TBWA afirma que vê uma grande oportunidade para o país. “O que está acontecendo é uma briga comercial de interesse, mas o agro brasileiro se destaca em soja, açúcar, carnes, algodão. A ministra Tereza Cristina faz um excelente trabalho tentando melhorar a imagem do Brasil no mundo, mas é preciso que a iniciativa privada e o poder público se unam e façam um trabalho interno e externo para construir uma narrativa em que nós efetivamente mostramos que o nosso agro é vitorioso, existem problemas, mas que é possível produzir e preservar. Precisamos privilegiar os produtores rurais sérios. E precisamos começar de dentro pra fora, mostrar como o agro brasileiro tem que ser motivo de orgulho para nós; e que está presente na vida do cidadão. É um esforço coletivo, mostrando a presença do agro brasileiro não como vilão, não como vítima de uma guerra, mas como vitorioso”.