Agricultura

Yara destaca desafios da produção de alimentos em meio à emergência climática e geopolítica

A empresa lançou recentemente um plano global para promover a descarbonização de sua cadeia produtiva, começando pela Noruega

A Yara Internacional, líder global no setor fertilizantes, apontou os desafios que a guerra na Ucrânia e a emergência climática trazem para a indústria agrícola.

Em conversa com jornalistas brasileiros, nesta segunda-feira (20), em São Paulo, o presidente global da empresa, Svein Tore Holsether, afirmou que a guerra da Ucrânia e Rússia tem um grande impacto na produção de alimentos, assim como a pandemia de covid-19, causou sérios problemas na cadeia produtiva de alimentos.

“Neste último ano, o papel crucial dos fertilizantes tornou-se evidente para muito além da nossa indústria, e com razão. Com metade da população mundial com alimentos na mesa devido aos fertilizantes, é compreensível e apropriado que os líderes mundiais e o público tenham se preocupado com o que acontece quando os agricultores são incapazes de manter os seus solos férteis”, disse.

Apesar dos problemas, de acordo com Holsether, o cenário geopolítico e outros fatores não podem pôr em risco a transição verde e a mudança para um futuro net-zero. “Pelo contrário, devem dar um forte impulso à aceleração da descarbonização e às soluções positivas para a natureza”.

CEO da Yara International, Svein Tore Holsether. Foto: Leonardo Rodrigues
CEO da Yara International, Svein Tore Holsether. Foto: Leonardo Rodrigues

Para combater esse problema, a Yara tem o compromisso de desenvolver soluções de baixo carbono e transformar seus negócios em um modelo mais ambientalmente responsável.

Um dos primeiros passos no Brasil rumo à descarbonização da cadeia foi a parceria com a Raízen para o uso de biometano na produção de amônia verde e, consequentemente, fertilizantes verdes e soluções industriais verdes no Complexo Industrial de Cubatão (SP) que, ainda em 2023, receberá 20 mil m³ diários de biometano.

O insumo entrará no grid da planta, substituindo gradativamente o uso de gás natural e ajudando na descarbonização de todos os segmentos em que a empresa está inserida, reduzindo assim as emissões em no mínimo 80%.

Outro pilar importante desta estratégia é a aproximação com as cadeias de alimento, apoiando na estruturação junto às empresas e aos produtores rurais, visando a promoção de sistemas alimentares mais sustentáveis.

Um exemplo citado foi o acordo para a comercialização do fertilizante verde em larga escala, além de um pacote de soluções nutricionais e transferência de conhecimento em práticas agrícolas, por meio de um memorando de intenções firmado com a Cooxupé, em novembro de 2022.

O acordo tem como objetivo diminuir a pegada climática envolvida na produção do café e aumentar a produtividade, qualidade e rentabilidade da cultura.

O produto a ser entregue para a Cooxupé pode ser oriundo tanto do Complexo Industrial de Cubatão (SP), que trabalhará com o biometano, quanto das plantas de produção e projetos da empresa espalhados pelo mundo, como na Noruega, Holanda e Austrália, que investem em outras modalidades para obtenção do hidrogênio verde, como a hidrólise a partir de energia solar e eólica.

Marcelo Altieri, presidente da Yara Brasil, reforça que a empresa assume um compromisso “em prol da mudança para uma forma de cultivo positiva para a terra”, e que o Brasil tem grande potencial em soluções de baixo carbono.

Segundo ele, o país é rico em matrizes energéticas limpas e técnicas de fazer uma agricultura de baixo carbono.

A Yara está otimista com o Plano Nacional de Fertilizantes lançado pelo governo brasileiro em 2022 e deve investir R$ 150 milhões em 2023 em melhorias operacionais na planta de Rio Grande (RS).

Além de Cubatão e Rio Grande, a empresa também tem uma planta em Ponta Grossa, no Paraná.

Segundo Altieri, o Brasil reúne todas as condições de ser cada vez mais autossuficiente na produção de fertilizantes. “Atualmente, o Brasil importa 85%, mas poderia diminuir muito a dependência. É um país muito rico em recursos naturais. É claro que depende de uma série de fatores econômicos e regulatórios, mas tem capacidade de ter mais indendência”, afirmou.