Crise financeira deve afetar exportações do agronegócio

Analistas acreditam, entretanto, que quadro pode se inverter no ano que vemEm meio às turbulências do mercado, previsões apontam um maior conservadorismo nas relações comerciais, o que deve reduzir as exportações no mundo. Por enquanto, os produtos agrícolas seguem em alta. De janeiro a outubro, as vendas externas somaram quase US$ 70 bilhões, cerca de 26% a mais que no mesmo período do ano passado. Mas alguns analistas acreditam que este quadro deve se inverter a partir do ano que vem. É o que você confere na terceira reportagem do Rural Notícias sobre a crise finance

Cerca de 40% de tudo o que o Brasil exporta sai do campo. O agronegócio é o principal responsável pelo saldo positivo da balança comercial, que é a diferença entre o que o país compra e vende. Mas, com o colapso financeiro, houve uma retração mundial. O medo de uma recessão levou muitos países a reduzirem as negociações externas. E as exportações brasileiras sentiram o impacto.

Segundo o Banco Central, este ano, o saldo comercial deve ficar em US$ 23,8 bilhões, bem abaixo dos US$ 40 bilhões registrados em 2007. E a situação pode ser pior em 2009. Alguns analistas acreditam que a falta de crédito, a redução da área plantada, os custos elevados e a queda dos preços das commodities possam provocar uma queda de 20% na receita das exportações agrícolas, algo em torno de US$ 15 bilhões. Cenário que poderia zerar o saldo comercial.

O Ministério da Agricultura prefere não fazer um prognóstico, apenas reforça que o campo deve ganhar mais importância.

? Vários técnicos estão apontando algo como uma diminuição da ordem de 15 a 20% no valor das exportações para 2009, das exportações agrícolas. Mas ainda assim o superávit do agronegócio continua e talvez passe a ser mais importante para o país em 2009 e 2010 ? afirma o secretário de relações internacional do Ministério da Agricultura, Benedito Rosa.

O Fundo Monetário Internacional projeta um crescimento da economia mundial em torno de 2% em 2009. Mas os países emergentes devem ter uma expansão muito maior, o que traz um pouco mais de tranqüilidade. Isso porque as exportações agrícolas brasileiras têm como destino mais de 150 países, a maioria, economias em desenvolvimento.

? O mundo, na média, vai crescer um pouco puxado pelo crescimento dos países em desenvolvimento, que vai crescer mais do que 5%, e as nossas exportações hoje estão indo cada vez mais para países em desenvolvimento. Isso é bom, os nossos maiores clientes continuarão crescendo, ainda que mais lentamente ? o diretor de promoção comercial do Ministério da Agricultura, Eduardo Sampaio.

A Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) está otimista. Mesmo com as projeções de queda nas exportações, a OCB prevê um crescimento no setor tanto para este ano como para o próximo.

? As cooperativas vão crescer aproximadamente 25% este ano e nós estamos projetando algo em torno de 15% a 20% positivo para o próximo ano, dada a agregação de valor que nós observamos e a ampliação do mercado asiático ? diz o gerente de mercado da OCB, Marcos Matos.