Falta de logística impede desenvolvimento do setor sucroalcooleiro

Especialistas participaram nesta quarta, em São Paulo, do 1º Encontro de Logística para Exportação do EtanolA falta de logística para a comercialização de etanol impede o desenvolvimento do setor. A viabilização dos alcooldutos deve facilitar a exportação de etanol e ajudar o produto a se tornar uma commodity internacional. Foi o que defenderam especialistas que participaram nesta quarta, dia 29, em São Paulo, do 1º Encontro de Logística para Exportação do Etanol.

Moacir Megiolaro foi um dos palestrantes do evento. Ele é o diretor de operações de uma companhia que une 10 usinas no Centro-Oeste do Brasil e que vai investir no projeto de um alcoolduto que vai ligar a cidade de Alto Taquari (MT) ao Porto de Santos (SP), com extensão de 1200 quilômetros. Moacyr disse que neste projeto foram investidos R$ 2,7 bilhões e a construção começa no começo de 2010, com previsão de início de operações em setembro de 2011.

? O duto em primeira estância visa atender a necessidade de transporte das empresas exportadoras. Mas para que ele seja  viável obviamente nós vamos ter que ter dele uma capacidade que justifique o investimento. Então, é um duto que visa ter lucro para sustentar suas operações e também atender os interesses dos produtores de ter um transporte confiável, seguro e rentável também ? disse Megiolaro.

Quando um contrato de exportação é fechado, o investidor estrangeiro verifica além da capacidade de produção, a de escoamento. Por isso, a empresa que vai investir em alcoolduto mostrou durante o evento uma comparação.

O alcoolduto vai ter uma capacidade de escoamento de 8 bilhões de litros por ano. Para este volume ser escoado pelo modal rodoviário, seriam necessários 500 caminhões operando todos os dias do ano. Sem contar, o quanto isso prejudicaria o meio ambiente. São 150 mil toneladas gás carbônico que vão para a atmosfera anualmente.

A capital paulista foi palco do primeiro seminário que discutiu a logística de exportação para o etanol, organizado pelo Ietha, associação que promove a comercialização do álcool brasileiro no exterior. O presidente da entidade, Joseph Sherman, apresentou para os especialistas o quanto as exportações cresceram nos últimos seis anos. Saltaram de 744 milhões de litros em 2003 para mais de cinco bilhões no ano passado.

? O alcoolduto realmente vai facilitar bastante o transporte até o porto. Nós temos por enquanto três alcoodutos anunciados. Essas empresas estão no processo de conseguir as licenças ambientais  para tocar para frente seu projeto e também a parte de financiamento. Então, nos próximos três ou cinco anos que vão ser completados esses alcoodutos ? afirmou Sherman.

Para o presidente da Unica, Marcos Jank, os investimentos em logística são fundamentais para a expansão do comércio do etanol.

? Na verdade, faz muito sentido que o transporte não seja feito só por caminhão. Aliás, nestes últimos meses, já anunciaram várias novas alternativas, como o uso de trens, aliás não é só o álcoolduto, novos modais serão usados para o transporte de etanol neste país, uma vez que o etanol só tende a crescer na matriz de combustíveis leves ? explicou Jank.

Nesta quarta, dia 29, a Unica anunciou a primeira estimativa da safra 2009/2010 da região centro-sul. A moagem prevista é de possa atingir 550 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, o que significa que continua crescente a produção, mas em ritmo menor.

Entre 20 e 23 novas usinas devem entrar em operação nesta safra. As exportações de etanol devem cair mais de 15% em relação a safra anterior. Isto deve acontecer porque muitos exportadores vão direcionar para o embarque o açúcar, que está com preços mais competitivos no mercado internacional, devido à falta de produção da Índia, país que ajuda a formar o preço da commodity.