Participação social é importante na geração de conhecimento agroecológico

Seminários garantem que somente a auto-estima e o resgate histórico das populações podem garantir o futuro da agroecologiaO reconhecimento da importância da participação ativa dos atores sociais na construção de conhecimento científico foi feito nessa semana durante o IX Seminário Internacional sobre Agroecologia e o X Seminário Estadual sobre Agroecologia, que aconteceu no Auditório Dante Barone, da Assembléia Legislativa, em Porto Alegre (RS).

No Rio Grande do Sul a participação local é apontada como fator fundamental na elaboração da sistematização de experiências, processo desenvolvido pela Emater/RS-Ascar desde 2002, e que foi apresentado pela engenheira agrônoma Córdula Eckert.

O processo de sistematização busca a reflexão crítica de uma experiência concreta, que se apóie em um método e que tenha a participação dos atores envolvidos, gerando estratégias de ação ou critérios de atuação.

? Conseguimos, desta forma, reforçar um processo de produção de conhecimento a partir das vivências dos agricultores, extensionistas e parceiros. Acima de tudo os atores repensam a sua ação, o saber popular é valorizado e o potencial de aplicabilidade, expandido ? salienta a agrônoma.

A importância dos movimentos sociais no México na busca de alternativas para o desenvolvimento rural também foi relatada pelo professor Jaime Morales Hernández, da Universidade de Guadalajara. Segundo ele, a agroecologia surge como proposta para a crise, que não é só econômica, mas ambiental, rural e de alimentos.

? Os movimentos campesinos e indígenas teriam a tendência de desaparecer no contexto de produção atual, no entanto, eles estão dando origem a essas modificações, consideradas a base da agricultura sustentável do país ? avaliou.

Jaime afirma que é somente após a participação efetiva dos movimentos sociais que surgem os movimentos ecologistas, como atores sociais, seguidos das universidades e dos centros de investigação, que, para ele, avançaram pouco até agora no que se refere à pesquisa em Agroecologia.

Como conquistas, ele cita a formação de atores sociais rurais e de profissionais, além da legitimidade social e científica.

? Muito se deve ao fato de que a agroecologia tem se demonstrado viável e o mercado vem ampliando ? salientou.

Diversidades: desafio e virtude
Somente a auto-estima e o resgate das histórias das populações e do movimento social podem garantir o futuro da agroecologia, afirmou Paulo Petersen, da AS-PTA do Rio de Janeiro, na palestra sobre Construção da Agroecologia: perspectiva histórica da partir dos movimentos sociais. Para ele, a revalorização dos conhecimentos será possível com a retomada da identidade popular e local.

? O eixo da diversidade produtiva poderá ser mantido com a valorização de diversas culturas, envolvendo as sementes crioulas, as plantas nativas e a integração agricultura e pecuária ? observou Petersen, ao citar as conseqüências desse fortalecimento, sejam econômicas, ambientais, culturais e políticas.

Custos de produção baixos e alta rentabilidade beneficiam a família do agricultor e não apenas remunera o capital.

? A ótica econômica é outra ? explica Petersen, ao reafirmar a importância dos mercados valorizarem e absorverem a diversidade e os saberes locais.

? A mulheres e os jovens como agentes participativos devem ser incorporados no desenvolvimento da agroecologia ? defendeu.