
A frequência e severidade dos problemas climáticos precisam ser consideradas em cada Plano Safra, iniciativa tomada por países desenvolvidos que possuem agricultura moderna e fornecem crédito à atividade. Essa é a constatação do coordenador do Observatório de Seguro Rural da FGV Agro, Pedro Loyola.
“No Brasil, parece que estamos invertendo essa prioridade, ou seja, se dá crédito com cifras bilionárias aos produtores sem ter o gerenciamento desse risco climático. Precisamos remodelar a política agrícola brasileira para, primeiramente, proporcionar acesso do produtor ao seguro para só então disponibilizar o crédito”, considera.
Segundo ele, é desta forma que funciona em países onde o produtor tem previsibilidade financeira de sua atividade, como nos Estados Unidos e na Espanha, por exemplo.
“Todo ano estamos discutindo renegociação de dívidas, recuperação judicial, perda de patrimônio dos produtores. Me parece um paradoxo o governo falar em desenvolvimento do seguro da agricultura brasileira quando não possui uma visão plurianal.”
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Como exemplo da incerteza dos mecanismos do Plano Safra, Loyola usa o exemplo do recente bloqueio de cerca de R$ 445 milhões previstos para o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR).
“O produtor, nesse momento, não tem certeza se vai ter subvenção ao prêmio do seguro rural. Ele vai acessar esse crédito, provavelmente, desconfiado porque na ocorrência de um fenômeno climático como El Niño ou La Niña, que agrava os problemas climáticos já existentes, a safra de verão pode ser prejudicada”.