O levantamento do mês de outubro do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados mostrou uma alta de 0,2 % na criação de novos postos de trabalho no país em relação a setembro. Mas o resultado no campo não foi positivo. O agronegócio contratou quase 100 mil pessoas, mas demitiu mais de 136 mil. Por isso, o saldo ficou negativo, e o setor perdeu 38,44 mil vagas.
O número, que é a diferença entre as admissões e os desligamentos, é mais do que o triplo do registrado no ano passado, quando o setor perdeu mais de 11 mil vagas. E também é um saldo negativo maior que os de 2006 e de 2005.
Porém, no acumulado do ano o cenário é outro. O campo registra um saldo positivo de 203,24 mil vagas criadas, cerca de 17 mil a mais que em 2007, 48 mil a mais que em 2006 e quase 57 mil a mais que em 2005.
De acordo com o Ministério do Trabalho, o desempenho negativo da agricultura em outubro se deve ao término da safra no centro-sul do país, e, por isso, não tem qualquer relação com as turbulências do mercado. A Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag) confirma os dados e lembra que essa retração é comum nessa época do ano.
? No nosso entender é um movimento normal que acontece nesses períodos de final de safra do centro-oeste, sul, e sudeste, principalmente na cana-de-açúcar. Enquanto há desemprego em algumas localidades, na região Nordeste começa a safra de cana, que vai empregar bastante gente ? diz o secretário de assalariados da Contag, Antônio Lucas.
A Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) explica que este ano o número de demissões em outubro foi maior porque as contratações em junho e julho também ficaram acima do registrado nos anos anteriores. Isso porque a safra de café e da cana-de-açúcar tiveram produções recordes. Mas com o fim da colheita, os trabalhadores são dispensados.
A CNA alerta que a crise deve trazer impactos na geração de empregos no ano que vem.
? Principalmente depois de junho, quando já se parte para uma posição nova de café e de cana e também com relação às expectativas para as safras de verão. O maior impacto deve ser sentido no segundo semestre do ano que vem ? prevê o assessor técnico da CNA, Luciano Carvalho.