Alíquota integral da Cide ainda está na agenda da Unica

Elevação das alíquotas PIS/Cofins e a reintrodução da Cide sobre a gasolina devem estimular a renovação dos canaviais no Centro-Sul do BrasilA presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Elizabeth Farina, destacou nesta terça, dia 20, que "está na agenda da entidade" lutar pela reintrodução integral da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) no preço da gasolina.

Para a executiva, o retorno da cobrança do tributo, mesmo que parcial, já é motivo de comemoração, pois tende a melhorar a competitividade do etanol hidratado nas bombas dos postos de combustíveis.

Quando foi criada, em 2001, a Cide era de R$ 0,28 por litro de gasolina. Em 2012, contudo, foi zerada para compensar o aumento na cotação do combustível fóssil. Ontem, o governo anunciou o retorno do tributo, agora em R$ 0,10 por litro. Paralelamente, elevou as alíquotas PIS/Cofins, para R$ 0,12 por litro. Conforme o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a Cide irá responder por todo esse R$ 0,22 por litro em três meses.

– Essa diferenciação tributária é um sinal na direção correta, de valorizar o combustível renovável, que reduz emissões dos gases do efeito estufa – afirmou Elizabeth durante coletiva em São Paulo.

– Precisamos, agora, da estabilidade dessas regras – ponderou, acrescentando que, ainda assim, o setor sucroenergético precisa de uma definição “mais clara” sobre o papel do etanol na matriz energética brasileira.

A cadeia produtiva de açúcar e álcool enfrenta dificuldades desde a crise do crédito de 2008. Só no Centro-Sul do país, o endividamento beira os R$ 70 bilhões. 

Cide deve estimular renovação de canaviais no Centro-Sul

A elevação das alíquotas PIS/Cofins e a reintrodução da Cide sobre a gasolina devem estimular a renovação dos canaviais no Centro-Sul do Brasil. O etanol hidratado já ganha competitividade nessas primeiras semanas de 2015, e o caixa gerado com a venda do biocombustível deverá ser direcionado ao plantio da cana que será colhida na safra 2016/2017, cujo início é em abril do ano que vem, informa o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues.

– No canavial deste ano não vai ter impacto, pois já está plantado – afirmou ele durante coletiva em São Paulo.

O governo anunciou nesta segunda-feira, 19, que a Cide voltará efetivamente em três meses, com incidência de R$ 0,22 por litro de gasolina. Em fevereiro, retornará em R$ 0,10 por litro, enquanto as alíquotas PIS/Cofins, em R$ 0,12 por litro. A medida renderá arrecadação de R$ 3,6 bilhões este ano. 

– O preço da gasolina vai subir, dando mais competitividade ao etanol – destacou Padua.

De acordo com o executivo, a melhor remuneração para o hidratado deverá ser observada em Minas Gerais, que reduziu o ICMS incidente sobre o biocombustível de 19% para 14%.

Rodrigues afirmou, ainda, que as usinas do Centro-Sul têm estoques suficientes para atender à demanda por etanol, tanto hidratado quanto anidro, “até o fim de abril”. Além disso, afirmou que a safra 2015/16, que começa oficialmente em 1º de abril, “deverá ser ainda mais alcooleira” do que a atual. A entidade ainda não tem estimativas para a próxima temporada mas, na vigente, aproximadamente 56% da oferta de cana foi direcionada à produção de etanol. 
 
​Alta de impostos sobre diesel pode impactar CCC e CDE, diz diretor da Aneel

O aumento do preço do diesel pode aumentar os custos da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), disse nesta terça o diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) Tiago Correia. A CCC é um encargo que subsidia as termelétricas dos sistemas isolados da região Norte do país e que integra a Conta de Desenvolvimento Econômico (CDE).

Correia, que é o relator do orçamento de 2015 da CDE na Aneel disse que “talvez” o aumento da tributação sobre combustíveis anunciada na véspera pelo ministro da Fazenda tenha impacto porque ainda vai analisar se há algum tipo de isenção do PIS/Cofins ou da Cide no diesel usado em termelétricas.

– Vou ter de investigar – disse.

O governo federal anunciou na segunda-feira um pacote de quatro medidas fiscais, entre elas a retomada da Cide sobre combustíveis, com a expectativa de elevar a arrecadação em R$ 20,63 bilhões em 2015, em mais uma ação para buscar colocar as contas públicas em ordem e reconquistar a confiança dos agentes econômicos.

Por decreto, o governo tributará a gasolina em R$ 0,22 e o diesel em R$ 0,15 por litro a partir de 1º de fevereiro via PIS/Cofins. A partir do início de maio, esses valores por litro serão divididos entre o PIS/Cofins e a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide). 

A pedido de Correia, a Aneel adiou a apresentação, que estava prevista para esta terça, da proposta de orçamento da CDE em 2015, que deve levar uma conta de 23 bilhões de reais a ser paga pelos consumidores de energia.

O relator disse que queria mais tempo para analisar o caso e deve trazer o assunto de volta à apreciação da diretoria da agência em 3 de fevereiro.

– Eu cheguei à conclusão de que não vale a pena fazer uma audiência pública de 10 dias, vou fazer uma maior, porque a mudança vai ser grande no valor das cotas – disse.

Para evitar que o adiamento da votação da CDE atrase a definição da revisão extraordinária das tarifas das distribuidoras – necessária para acomodar tanto os R$ 23 bilhões da CDE como o aumento de 46% da energia de Itaipu – Correia disse que vai sugerir à diretoria da Aneel que tente tocar simultaneamente o processo da revisão extraordinária.

– Vou conversar com os meus colegas para que o processo da revisão extraordinária seja também feito junto da abertura da minha audiência pública – destacou.