Sojicultores do meio-oeste de Santa Catarina torcem por clima favorável

Em Campos Novos, a expectativa de produtividade é boa, mas produtores dependem do clima; ferrugem começa a preocupar

Ricardo Cunha | Campos Novos (SC)

Na região conhecida como celeiro de Santa Catarina, os produtores investiram em tecnologia e tiveram um ano com baixa incidência de doenças e pragas. Mesmo assim, eles seguem preocupados. O temor é que o clima possa reduzir a produtividade de soja nesta safra.

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O município de Campos Novos, no meio-oeste catarinense, é reconhecido pela excelência na produção de sementes de soja. O material genético produzido aqui é cultivado depois em lavouras do Sul e do Centro-Oeste do Brasil.

Na safra 2014/2015, a área de cultivo com soja foi de 200 mil hectares, cerca de 60% foi utilizado para produção de sementes. As condições climáticas e a altitude da região favorecem a atividade. No entendo, a mudança de clima desta safra está preocupando os produtores.

– Nós vamos ter um atraso porque estamos com muitos dias nublados. Provavelmente teremos de 10 a 15 dias de atraso. Em termos de produtividade, eu acho que não vai afetar – explica o diretor-técnico da Coopercampos, Isaías Thibes Junior.

O produtor rural Sérgio Mânica faz parte do grupo de 600 produtores que integram o programa de fidelidade da cooperativa. Eles são responsáveis pela reprodução das mais de 30 cultivares oferecidas pela Coopercampos. Para Mânica, a safra deve ser de boa produtividade.

– Há dois anos, nossa média era em torno de 63 sacas por hectare. Ano passado começamos com a Intacta e passamos para 68 sacas por hectare. Este ano devemos chegar entre 68 e 70 sacas, se voltar luminosidade na fase de enchimento do grão – comenta.

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A soja Intacta foi muito bem aceita pelos produtores de Campos Novos. A tecnologia que promete resistência ao ataque de lagartas ocupa, apenas no segundo ano de uso, 60% da área cultivada de soja comercial na região.

– Todos os produtores estão interessados nessa variedade pelos ganhos de produtividade e pela praticidade – ressalta o presidente da Coopercampo, Luiz Carlos Chiocca.

Ferrugem preocupa

Na região do planalto catarinense, a incidência de pragas costuma ser menor. Este ano houve ataque da lagarta falsa medideira e também do percevejo, mas foram facilmente controlados com as aplicações de inseticida. Agora, na fase final do ciclo da planta, a ferrugem está exigindo maior atenção.

– Em termos sanitários, estamos fazendo mais aplicações de fungicida por causa da ferrugem. Como o clima está mais encoberto, e em Campos Novos ele costuma ficar mais ameno a partir de fevereiro, isso favorece a ferrugem, exigindo mais aplicações – argumenta o diretor-técnico da Coopercampos.

A possibilidade de aumentar as aplicações com fungicida vai representar um custo ainda maior na propriedade de Sérgio Mânica. Pelos cálculos dele, o valor será de R$ 2.500 por hectare.
– O custo aumentou em torno de 20%. O grande aumento de custo foi com fungicida. Este ano, em função do clima, tivemos que usar mais e em número maior – afirma Mânica.

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Com apenas 25% da produção comercializada, Sérgio Mânica, torce para que o sol volte a brilhar na região e se confirme a expectativa de boa produtividade. O agricultor quer aproveitar o bom momento de preços para fazer caixa no próximo ano. Ele já está preocupado com os custos da safra seguinte.

– Acredito que o custo da lavoura vai ficar mais caro por causa do custo dos combustíveis. Os fertilizantes são baseados no custo dos combustíveis. Além disso, os fretes. Tem a questão do dólar e o preço ficará nessa faixa. Já estamos em uma época que os armazéns estão se enchendo, a tendência é de preço estável – projeta o agricultor.

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