CNA lança programas para melhorar a vida dos trabalhadores no campo

Questão do analfabetismo também foi enfocada pelo trabalhoA Confederação Nacional de Agricultura (CNA) lançou nesta quinta, dia 30, uma série de programas de ajuda ao trabalhador rural. Divididos em três frentes, os programas pretendem mapear os vazios sociais e institucionais aos quais os trabalhadores estão submetidos, capacita-los e, por fim, colaborar com os proprietários rurais para que se adeqüem às leis trabalhistas.

? O mapeamento desses vazios está no âmbito do programa Observatório das Desproteções Socais no Campo, uma medição de dados que fizemos para identificar a situação em que nossos trabalhadores se encontram ? informou o assessor da presidência da CNA, Marcelo Garcia.

Por meio do Observatório, a CNA constatou que em 56,3% dos domicílios ou propriedades dos trabalhadores rurais não existem banheiros e nem sanitários e que 39% deles não têm posto de saúde nas proximidades. Ainda, segundo o estudo, 86,6% do lixo acabam sendo queimado ou enterrado, enquanto apenas 1,6 % é coletado.

A questão do analfabetismo também foi enfocada pelo trabalho. Segundo o Observatório, 31,6% dos trabalhadores não sabem ler e escrever. A pesquisa informa ainda que 87,9% dos filhos freqüentam escolas e 7,2% das crianças trabalham.

? Numa outra frente, chamada Plano Setorial de Qualificação Profissional, pretendemos capacitar 100 mil trabalhadores rurais. Já conversamos com o ministro Carlos Lupi [do Trabalho] e ficou acertado que, ainda em maio, entregaremos uma proposta para usarmos recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) para investir em capacitação e em infra-estrutura rural ? disse Garcia.

Com a proposta em mãos, o ministro convocará a Câmara de Consertação (grupo formado por representantes do governo, do setor produtivo, empresários e trabalhadores) para ajustá-la e lançá-la por meio de edital público.

A terceira frente a ser desenvolvida pela CNA é o programa Mãos que Trabalham.

? Ele foi criado para corrigir as falhas nas relações entre patrões e empregados no campo, principalmente no que diz respeito à legislação trabalhista ? completou Garcia.

O Pará foi estado escolhido como piloto para o Mãos que Trabalham devido aos problemas de conflitos agrários. A previsão é de que ele dure de três e seis meses.
A CNA pretende implantar o programa também no Paraná, em Mato Grosso, no Maranhão, no Tocantins, Piauí, em Pernambuco e na Bahia.