A prolongada janela de tempo seco tem favorecido a colheita da soja no Rio Grande do Sul. Dos 5,8 milhões de hectares, 68% já foram retirados, mais adiantada que os 60% do ano passado e os 65% da média para o período. Ao que tudo indica, o clima vai continuar ajudando neste fim de semana, segundo a meteorologia.
A própria Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) está apostando que o Rio Grande do Sul colherá a mais safra da história, acima de 18,7 milhões de toneladas, mas é preciso terminar a colheita para confirmar estes dados. Do que ainda falta colher, 25% estão maduros e prontos para serem retiradas e 7% em enchimento de grãos, informou a Emater/RS.
Segundo a entidade, em geral, embora tenha interrompido a colheita, a chuva favoreceu a cultura, tanto as lavouras tardias em enchimento de grãos, como as lavouras prontas que apresentavam baixa umidade no grão, causando perdas na colheita por quebra, debulha e menor peso do grão comercializado.
Grande produtividade
“Nas regiões do médio Alto Uruguai e Rio da Várzea, a maior parte das lavouras foi colhida. Algumas delas apresentaram produções recordes, alcançando produtividades de até 90 sacas por hectare. Nas áreas de soja safrinha, intensifica-se a aplicação de fungicidas e inseticidas, pois é grande a pressão da ferrugem asiática no período”, diz a Emater/RS.
Já na em localidades próximas a Alto Jacuí, Celeiro e Noroeste Colonial, houve menor avanço da colheita devido à finalização nas pequenas propriedades, tendo continuado nas maiores áreas até a ocorrência de chuvas. De segunda a quinta-feira, a colheita foi normal, com solo seco dando condições de agilidade na operação, mas com grãos muito secos. O produto colhido apresentou elevada quantidade de grãos quebrados e aumentou o volume de impurezas (principalmente película do grão, grãos finamente quebrados e matérias estranhas), em decorrência da baixa umidade que aumenta as avarias no grão devidas aos impactos no momento de corte, trilha e separação.
“Houve também aumento das perdas na colheita na plataforma de corte, principalmente nos horários mais quentes da tarde. No final da semana não houve colheita em função do retorno das chuvas. As produtividades alcançadas estão muito próximas das obtidas no ano anterior”, diz.
Outras regiões
Nas regiões da Fronteira Noroeste e Missões, a colheita atingiu 73% da área, avançando continuamente em função das condições climáticas. A produtividade está superando a expectativa inicial de 3.136 quilos por hectare, atingindo 3.268 quilos por hectare. Nas lavouras de soja safrinha, o porte das plantas é menor do que o das lavouras plantadas no período recomendado, indicando menor potencial de produtividade, que não deve passar de 2.400 quilos por hectare. Observa-se a migração dos percevejos das áreas maduras para as áreas de safrinha, aumentando a incidência da praga.
Nos Campos de Cima da Serra, metade da área foi colhida, com produtividade média de 3.676 quilos por hectare. No Planalto Médio, a colheita chegou a 80% da área, com produtividade média de 3.800 quilos por hectare. No Alto Uruguai, 90% das áreas foram colhidas, restando apenas variedades tardias. A produtividade média é de 3.780 quilos por hectare. Na região Central, metade da área foi colhida, com rendimentos acima de três mil quilos por hectare; lavouras tardias deverão apresentar uma produtividade menor, principalmente devido à incidência mais forte de ferrugem asiática.
Nas regiões da Campanha e Fronteira Oeste, a colheita de soja está sendo realizada, mas a maioria das lavouras ainda estão em fase de formação de vagens e enchimento de grãos. Cultivares precoces estão em fase final de colheita, com encurtamento do ciclo devido à falta de chuvas em algumas localidades. As lavouras mais afetadas pelo déficit hídrico são as de
cultivares de ciclo médio plantadas em novembro, pois estão em enchimento dos grãos. As áreas cultivadas após o Natal estão em fase de formação das vagens e podem recuperar o potencial produtivo com normalidade de chuvas.