CENÁRIO

Colheita de trigo no RS é afetada por excesso de umidade

A expectativa era de que a safra de trigo fosse a segunda maior da história do RS, mas agora ela pode ser reduzida em até 14%

trigo
Foto: Divulgação/Câmera de Comércio Árabe Brasileira

A safra de trigo no Rio Grande do Sul, que era esperada para ser uma das maiores da história, enfrenta desafios significativos devido ao excesso de umidade. O impacto do clima adverso nas primeiras lavouras colhidas no estado está se refletindo na produtividade.

O engenheiro agrônomo Gustavo Nicoli aponta que o excesso de chuva durante o mês de setembro resultou em uma perda estimada de cerca de 10% na produtividade do trigo. A região registrou uma quantidade excepcionalmente alta de chuva, atingindo mil milímetros durante o período crucial de floração do trigo.

Nicoli afirma: “Em torno de 10% é o que estamos perdendo da produtividade esperada, devido ao excesso de chuva no mês de setembro. Nessa região, a quantidade de chuva chegou a mil milímetros.”

Além disso, as doenças, como giberela e brusone, se espalharam amplamente nas lavouras, impactando negativamente a qualidade do grão colhido. A temperatura desempenhou um papel relevante, auxiliando na disseminação da brusone.

O presidente da Cotrisul, Gilberto Fontoura, observa que a presença de toxinas nos grãos requer um armazenamento separado para garantir um destino comercial adequado.

Fontoura explica: “Iniciamos a colheita há 20 dias, e estamos lidando com uma qualidade razoável e algum produto com presença de toxinas. Classificamos o produto na chegada e, se houver a presença de toxinas, armazenamos separadamente para que tenha um destino comercial adequado.”

Com a colheita chegando à metade e com uma previsão de perda de produtividade, as perspectivas para a safra de trigo no estado são desafiadoras. Os preços mais baixos em comparação ao ano anterior também desmotivam os produtores.

Paulo Pires, presidente da Fecoagro/RS, enfatiza que os agricultores perderam a motivação devido à redução significativa nos preços da safra.

Pires afirma: “Não tenho dúvida de que os produtores perderam a motivação para cultivar trigo, principalmente devido aos preços. Atualmente, estamos praticando preços que são a metade do que era pago pela mesma saca de trigo no ano passado.”

Embora 57% das lavouras ainda estejam em fase de floração e maturação, o cenário atual pode afetar o interesse dos produtores em investir na cultura de trigo no próximo ano. A situação será monitorada à medida que a safra progride.