Conflito agrário: Ministro da Justiça viaja para o Rio Grande do Sul nos próximos dias

Grupo já foi instalado no Norte do Estado para mediar conflito entre índios e produtores ruraisO ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou, nesta quarta, dia 30, que um grupo fixo já está instalado para a mediação do conflito entre índios e produtores rurais no Norte do Rio Grande do Sul, onde dois agricultores morreram na noite de segunda, dia 28, no município de Faxinalzinho. Cardozo deve chegar ao Estado nos próximos dias.

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Ele reclamou de autoridades políticas que estimulam os conflitos por interesses eleitoreiros e políticos e declarou que não vai assinar a portaria que altera as regras de demarcação enquanto não esgotar todas as tentativas de diálogo.

– As pessoas têm a falsa ilusão que assinando ou não uma portaria vai resolver o problema, mas isso é falso. Se eu assinar a portaria de demarcação sem construir um processo de pacificação, tenho a crise instalada imediatamente. No mundo inteiro é preferível a mediação à decisão judicial. No Brasil, há mais razões ainda, nosso sistema como o nosso que demora décadas para tomar uma decisão – salienta.

O ministro da Justiça também rebateu as críticas de parlamentares ruralistas e indigenistas de que há omissão para a solução dos conflitos por disputa de terras. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) estuda, inclusive, buscar a responsabilização criminal do ministro.

– A postura do Ministério da Justiça não é de omissão, é de ação e na perspectiva de conciliação e da paz. Algumas pessoas que devem ter suas razões eleitorais, políticas ou que eu desconheço, mas o Ministério continua firme na perspectiva da pacificação e na busca do entendimento – afirma.
 
Cardozo citou Santa Catarina como exemplo positivo na resolução de conflitos e disse que índios e produtores estão começando a concordar em instituir uma negociação no Rio Grande do Sul.

O auge da tensão entre índios e produtores no Estado ocorreu na tarde de segunda, quando após a manifestação indígena pela agilidade na demarcação de terras, os irmãos Anderson e Alcemar Souza morreram. Os nomes dos suspeitos já foram encaminhados para investigação.

Veja o depoimento do policial da Brigada Militar:

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A tensão fez o prefeito da cidade, Selso Pelin, decretar estado de calamidade pública e luto oficial de três dias.

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Em Passo Fundo, agricultores realizaram uma marcha até a sede da Funai no município para protestar contra o ocorrido. Segundo o coordenador geral da Fretaf Sul, Rui Valença, os agricultores marcharam carregando faixas e caixões, simbolizando o “assassinato dos dois trabalhadores rurais”, com o objetivo de cobrar das autoridades providências imediatas com relação às demarcações de terras e à mediação de conflitos.

• Veja aqui a galeria de fotos da mobilização

• Farsul defende mais segurança pública para conter crimes:

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