Crise de renda na produção de cana deve se manter em 2009

Setor sucroalcooleiro atravessa dificuldades devido aos baixos preços pagos aos produtoresA turbulência econômica no mundo e os baixos preços são os vilões da crise de renda que o setor sucroalcooleiro atravessa. O problema que já se arrasta há dois anos pode continuar em 2009, mesmo com aumento da área plantada e de produção.

A safra, que está em fim de colheita registra aumento na produção de 14%. São 571 milhões de toneladas de cana retiradas de canaviais. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), esse resultado vai gerar 32 milhões de toneladas de açúcar e 26 bilhões de litros de álcool, 15% acima da ultima safra. Isso acabou atraindo investimentos, e 30 novas usinas foram abertas no Brasil em 2008. Já são 417 em todo o país.

Alguns canaviais não foram colhidos ainda e sobra cana em pé. O motivo é a falta de preços considerados ideais, o que já vem tornando algumas usinas inadimplentes.

O que determina o valor pago pela cana é um cálculo feito com base no preço do açúcar e do álcool ao consumidor final. Se esse valor estiver baixo, o produtor recebe menos. E é isso que vem acontecendo há pelo menos dois anos.

Hoje, por exemplo, o litro do álcool é vendido pela usina por cerca de R$ 0,70, quando o ideal para cobrir os custos do produtor seria R$ 0,90. A saca de 50 quilos de açúcar é comercializada em média por R$ 32, R$ 6 a menos que o necessário. O governo diz que está acompanhando os números do setor, mas acredita que em 2009 a situação deve se manter, mesmo com o Brasil sendo o maior produtor de açúcar e cana e o segundo maior de álcool.

? No curto prazo nós ainda esperamos um período de dificuldade porque esses preços vão demorar um pouco para se recuperar. A partir de meados do ano que vem a expectativa é que o açúcar comece a retomar preços porque temos um déficit previsto no mercado internacional da ordem de três a seis milhões de toneladas. No caso do álcool, isso ainda dependerá muito da relação com a gasolina, que hoje tem impacto muito forte na definição de preços ? explica o diretor da Secretaria de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura Alexandre Strapasson.