PERSPECTIVA

Decisão de venda do produtor definirá preços do milho no 1º semestre

Analista da Safras & Mercado afirma que o Brasil deve começar o ano sem problemas nos estoques de passagem de milho

milho
Foto: Semadesc/reprodução

O mercado brasileiro de milho deverá ter uma safra de verão muito próxima do normal, com exceção da região Nordeste, segundo o analista de Safras & Mercado, Paulo Molinari.

Já a soja poderá ter alguma perda na produção, mas ainda haverá uma grande safra, com exigências na logística, o que torna crucial a decisão do produtor em vender a soja e segurar o milho, ou vice-versa.

Essa escolha definirá a curva de preços do cereal no primeiro semestre de 2024, destaca Molinari.

Molinari afirma que o Brasil deve começar o ano sem problemas nos estoques de passagem de milho e, caso necessário, a Argentina, com uma safra recorde, poderá ser uma alternativa de importação.

“É possível, com os problemas na produção, que a região Nordeste possa realizar importações. Já as demais regiões têm como preocupação maior a intenção de venda pelo produtor, pois qualquer retenção poderá gerar alta de preços”, analisa.

No mercado internacional, os pontos de atenção levam em conta os preços do trigo, as exportações de milho norte-americano e a definição de área a ser cultivada no país.

Na visão de Molinari, logo que o Brasil reduza suas vendas a partir de janeiro, os EUA avançarão na comercialização, até mesmo pelo fato de não haver grandes alternativas de abastecimento, visto que a Argentina somente terá colheitas do cereal a partir de abril.

Molinari alerta, porém, que, com as dificuldades de plantio da safrinha 2024, é possível que o primeiro semestre fique repleto de variáveis para uma volatilidade positiva de preços, como o clima, por exemplo.

“Também há um viés para a redução de área de milho e aumento na de soja nos Estados Unidos na safra 2024, o que pode gerar movimentos especulativos na Bolsa de Chicago”, avalia.

O analista entende ainda que, paralelamente, variáveis como a guerra na Ucrânia, a volatilidade do petróleo e o câmbio no Brasil podem colaborar para uma curva de preços bem diferente da registrada em 2023 no mercado nacional e internacional de milho.