MERCADO

Destruição de armazéns faz preço do trigo disparar; confira

No fechamento, os contratos de trigo com entrega em setembro eram cotados a US$ 7,57 1/2 por bushel, alta de 60 centavos de dólar, ou 8,6%

A Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT) para o trigo encerrou com preços acentuadamente mais altos.

O mercado fechou novamente no limite máximo de alta para a sessão, reagindo aos ataques russos às instalações portuárias no rio Danúbio.

Desde a semana passada, após a saída da Rússia do acordo para o corredor de grãos no Mar Negro, Moscou lançou diversos bombardeios a portos da Ucrânia.

Os primeiros alvos foram a região de Odessa, que, apesar das notícias, ainda não representavam uma grande redução nas exportações do país.

Conforme o diretor da SovEcon, Andrey Sizov, a Ucrânia pode escoar mais de 40 milhões de toneladas de grãos através de outras rotas. No entanto, os portos do Danúbio são cruciais.

Na sexta-feira, Sizov afirmou que eventuais ataques a eles seriam “decisivos”. Agora que os bombardeios foram concretizados, os preços subiram novamente, atingindo o maior nível desde 26 de junho.

A busca por cargas de grãos no Mar Negro caiu 35% em comparação com a semana passada, impactada pela crescente incerteza sobre o tráfego comercial.

Seguradoras já estão estudando a continuidade ou não da cobertura de embarcações na região. Os preços dos seguros devem continuar subindo.

Completando o quadro de alta, aparecem as inspeções de exportação dos Estados Unidos, que, embora acima do esperado, ainda seguem abaixo do ritmo do ano passado.

As inspeções somaram 358.796 toneladas na semana encerrada em 20 de julho, conforme relatório semanal divulgado pelo USDA.

O mercado esperava 250 mil toneladas.

No mesmo período do ano passado, o total inspecionado foi de 475.526 toneladas.

No acumulado do ano-safra, iniciado em 1º de junho, as inspeções somam 2.152.702 toneladas, contra 2.591.848 toneladas no acumulado do ano-safra anterior.

No fechamento, os contratos com entrega em setembro eram cotados a US$ 7,57 1/2 por bushel, alta de 60,00 centavos de dólar, ou 8,6%, em relação ao fechamento anterior.

Os contratos com entrega em dezembro eram negociados a US$ 7,77 1/2 por bushel, com ganho de 59,75 centavos, ou 8,32%, em relação ao fechamento anterior.

cotação

Trigo no mercado brasileiro

O mercado brasileiro começou a semana com os olhos voltados para o cenário internacional: o agravamento da tensão no Mar Negro, com ataques russos à infraestrutura portuária da Ucrânia e com drones ucranianos atacando Moscou e a Crimeia.

O receio de que as exportações de trigo da Rússia possam ser afetadas impulsionou os preços em Chicago ao limite máximo.

Segundo o analista de Safras & Mercado, Elcio Bento, no Brasil, os participantes do mercado acompanham de perto, mas, até o momento, sem grandes mudanças na postura.

“Os compradores, especialmente no Paraná, contam com a proximidade de uma safra abundante, que se desenvolve sem grandes problemas”, observou.

Além disso, há relatos de vendas de trigo da safra anterior paraguaia a US$ 280 por tonelada CIF moinhos (cerca de R$ 1.325 por tonelada no câmbio atual).

“Embora sejam volumes pequenos, servem de argumento para que os moinhos mantenham suas ofertas estáveis”, explicou.

A indicação para o trigo paranaense no CIF fica entre R$ 1.460 e R$ 1.500 por tonelada.

O produtor paranaense continua pedindo entre R$ 1.480 e R$ 1.500 no FOB.

No Rio Grande do Sul, o produtor segue pedindo R$ 1.300 por tonelada, e o moinho indica cerca de R$ 1.300 por tonelada.