Embrapa apresenta nova cultivar de uva, a BRS Núbia

Variedade da fruta tem como característica principal o fato de demandar menos mão-de-obra para manejo do cachoA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) apresentou uma nova cultivar de uva, a BRS Núbia, uva preta de mesa com sementes. A nova variedade tem entre seus principais atributos a necessidade de menor mão-de-obra no cultivo e sua uniformidade de cor, destaca o pesquisador da Embrapa Uva e Vinho João Dimas Garcia Maia, um dos coordenadores do Programa de Melhoramento Genético de Uva da Embrapa - no âmbito do qual a BRS Núbia foi desenvolvida.

Em relação ao primeiro aspecto, ela tem como característica principal o fato de demandar menos mão-de-obra para manejo do cacho. Quanto à cor, sob condições de clima quente (subtropical, tropical úmido ou semiárido), para as quais é indicada, a nova cultivar expressa bem a coloração preta, apresentando uma uniformidade apreciada pelo consumidor.

A BRS Núbia é uma importante evolução na produção nacional de uva preta de mesa com sementes. Segundo Dimas, até o momento, a única cultivar desse tipo produzida em maior escala no país é a Brasil, uma mutação genética espontânea a partir da variedade Benitaka. A Brasil, porém, apresenta pouca expressão de cor quando a maturação coincide com épocas com altas temperaturas e em produtividades elevadas, condições sob as quais sua coloração fica em um meio-termo entre o preto e o vermelho. Afora isso, o cultivo dela exige grande mão-de-obra para manejo do cacho.

A pesquisadora Patricia Ritschel, coordenadora do Programa de Melhoramento Genético de Uva, ressalta que o grande tamanho de baga da nova cultivar, com média de 24 milímetros por 34 milímetros, é obtido sem a utilização de reguladores de crescimento, como as giberelinas. Ou seja, a opulência das bagas de BRS Núbia alinha-se à perspectiva de produção mais sustentável.

A nova cultivar se destaca, ainda, pelos índices de substâncias benéficas à saúde, pelo fato de apresentar ciclo mais curto do que a Brasil – o que resulta também em economia na aplicação de fungicidas – e pela boa aptidão para conservação pós-colheita.

A BRS Núbia foi testada em áreas de validação em Jales (noroeste paulista), Petrolina (PE, no Vale do Submédio São Francisco), Marialva (norte do Paraná) e Jaíba (norte de Minas Gerais), em propriedades de produtores e empresas parceiros. Pelo bom desempenho observado, é recomendada para todas essas regiões. Ela é resultante do cruzamento entre as cultivares Michele Palieri e Arkansas 2095, realizado em 2000, em Bento Gonçalves (RS).

Presença de substâncias benéficas à saúde

Os atributos da BRS Núbia passam também pela maior presença de substâncias benéficas à saúde. Em comparação à Benitaka, a nova variedade da Embrapa apresenta um teor de antocianinas totais cinco vezes maior e um Índice de Polifenóis Totais (IPT) aproximadamente 60% maior. Os níveis das substâncias foram determinados na película de uvas das duas cultivares produzidas no norte do Paraná.

Sanidade do material

A cultivar BRS Núbia foi testada para detecção de infecções virais. Nesse processo de indexação foram considerados alguns dos principais vírus que compõem as doenças do ‘enrolamento da folha’ e do ‘complexo rugoso’ da videira. Os testes diagnósticos foram baseados na técnica de hibridização molecular. A metodologia é muito sensível e permite detectar o ácido nucleico viral em plantas infectadas, as quais são descartadas do processo de formação de material propagativo de sanidade superior. Assim, somente as plantas identificadas como sadias foram usadas como matrizes para obtenção do material propagativo da BRS Núbia.