Agricultura

Embrapa lança três cultivares de amendoim na Agrishow 2023

Variedades possuem alto teor de ácido oleico, possibilitando que os grãos conservem suas qualidades originais por mais tempo após a colheita

Na última segunda-feira (1°), a Embrapa lançou durante Agrishow 2023, feira internacional de tecnologia agrícola que acorre em Ribeirão Preto (SP), as três novas cultivares de amendoim do tipo rasteiro (Runner), direcionadas para atender a indústria de alimentos, além de possibilitar a exportação in natura e na fabricação do óleo bruto.

Essas novidades são portadoras da característica de alto teor de ácido oleico, possibilitando que os grãos conservem suas qualidades originais por maior tempo depois da colheita, o que garante uma maior shelf life (vida útil de prateleira).

O engenheiro agrônomo que coordena a rede de parcerias do Programa de Melhoramento do Amendoim da Embrapa, Jair Heuert, destaca que as três cultivares foram amplamente testadas no estado de São Paulo.

“Durante a validação, mostraram-se altamente produtivas, adaptadas às condições regionais e tiveram uma excelente avaliação comercial dos grãos”, afirma.

Potencial brasileiro

Uma das parceiras da Embrapa na multiplicação de sementes dessas novas cultivares é a Cras Brasil, indústria situada em Itaju (SP) e responsável por 25% de todo o volume de óleo de amendoim exportado pelo Brasil.

“Nós acreditamos no potencial do nosso país para aumentar a sua participação no mercado internacional de amendoim. Para viabilizar este crescimento, é necessário aumentar a área plantada, a eficiência no plantio e o melhoramento genético para tornar as espécies mais resistentes a epidemias de pragas e doenças, com maior teor de óleo e com menor período de maturação […]”, comentou o CEO da empresa, Rodrigo Chitarelli.

O executivo reforçou também os benefícios do produto na alimentação saudável, uma vez que a composição química do óleo de amendoim é próximo a do óleo de oliva e a sua riqueza em ácidos monoinsaturados contribui para redução de triglicerídeos e no aumento do HDL (colesterol bom).

“E tudo é aproveitado. Nós trabalhamos ainda com o subproduto dessa produção, o farelo de amendoim, que possui alto teor de proteína, superior a 45%, energia e controle das micotoxinas, indicados para confinamento de ruminantes (boi) e bacia leiteira”, completa.

Características das cultivares de amendoim

amendoim
Foto: Pixabay

BRS 421 OL

Se destaca pelo excelente padrão de grãos, de tamanho grande e formato alongados, com possibilidade de 70% retidos na peneira 38/42, o maior tamanho do mercado, conferindo ótimo rendimento industrial. Essa cultivar é de ciclo tardio, com destaque para sua ampla adaptabilidade e moderadamente resistente às principais doenças foliares.

BRS 423 OL

Expressa elevado potencial produtivo, de ciclo precoce, moderadamente suscetível às principais doenças foliares causadas por fungos e moderadamente resistente às viroses. Predominância de grãos médios/grandes com distribuição predominante nas peneiras 38/42 e 40/50, no formato arredondado.

BRS 425 OL

É a primeira cultivar brasileira derivada de espécies silvestres, conferindo uma excelente sanidade e rusticidade. Essa cultivar é de ciclo médio, com tamanhos de grãos médios, predominantemente nas peneiras 40/50, de formato arredondados, requisitados no mercado de drageados (revestidos). Além disso, pode ser uma boa opção para a indústria de óleo de amendoim devido a sua porcentagem um pouco acima das anteriores.

O estado de São Paulo é o principal produtor de amendoim do Brasil, com estimativa de produção de 787,8 mil toneladas para a safra 2022/23, representando mais de 90% da produção nacional.