OUTLOOK USDA

EUA devem reduzir área de milho e ampliar de soja; cotações seguem em baixa

Na média dos últimos cinco anos, a área cultivada nos Estados Unidos não consegue superar os 99 milhões de hectares

USDA, EUA, Estados Unidos
Foto: Giovani Ferreira

Os Estados Unidos devem plantar mais soja e menos milho na temporada de 2024 em relação a 2023.

O cereal tem potencial para ocupar 36,82 milhões de hectares, um recuo de 3,8% sobre os 38,28 milhões cultivados no ano passado.

A soja cresce 4,7%, em uma área que passa de 33,83 milhões para 35,41 milhões de hectares.

A aposta no trigo cai 5,2%, de 19,66 milhões para 19,02 milhões de hectares.

Um recorte de área das seis principais culturas, que inclui algodão, sorgo e arroz reforça a estagnação da agricultura no país norte-americano, o maior produtor de grãos do mundo.

Em relação ao ano passado a área deve permanecer estável, com leve recuo de 0,3%, para 99,64 milhões de hectares em 2024.

Na média dos últimos cinco anos a área cultivada não consegue superar os 99 milhões de hectares.

A informação, embora não faça parte de um relatório oficial de intenção de plantio, serve como um sinal para a nova safra, cujo plantio inicia em abril.

Os números foram divulgados nesta quinta-feira (15) durante o 100º Agricultural Outlook Forum, espécie de fórum mundial da agricultura realizado em Arlington (VA), nos Estados Unidos.

Os dados foram apresentados por Seth Meyer, economista-chefe do USDA, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, responsável pela organização do evento.

Cotações

Meyer demonstra preocupação em relação às cotações médias das principais commodities, em queda.

Conforme tendência apontada pelo USDA, em dólares/bushel, a cotação média da soja em 2024 deve recuar 11,5%, do milho 8,3% e do trigo 16,7%.

Entre as principais variáveis apontadas pelo economista estão, obviamente, oferta, demanda e clima. Ele falou dos estoques em alta, dúvidas sobre o consumo da China e o clima:

“Weather always has the last say”, na tradução livre para o português, o clima sempre tem a última palavra.

Em sua explanação, Meyer expressou preocupação com as exportações de soja e milho dos EUA, em queda, por conta do consumo doméstico em alta, especialmente para produção de etanol de milho e biodiesel de soja.

Segundo ele, os Estados Unidos precisam exportar mais grãos. Seria uma maneira de acirrar a demanda entre indústria e exportação com uma possibilidade de reação nas cotações. Conforme mostrou o economista, a renda bruta da soja de 2022 para 2024 deve cair de aproximadamente US$ 1.000 para quase US$ 800/acre.

A do milho de perto de US$ 1.500 para pouco mais de US$ 1.000/acre.

A expectativa dos Estados Unidos é ampliar as exportações de soja para 51 milhões de toneladas e de milho para 55 milhões de toneladas.

Em 2023, o país exportou 47 milhões e 53 milhões, respectivamente.

A intenção dos norte-americanos de vender mais milho ao exterior esbarra no potencial do Brasil, que pela primeira vez em 2023 foi o maior exportador de milho do planeta, com 56 milhões de toneladas.

Meyer conta com possíveis limites à expansão da produção e exportação de milho no Brasil por conta da cotação em queda, que podem inibir uma aposta maior dos produtores brasileiros.

(***de Arlington, Virgínia)