O excesso de chuva na época da florada da manga prejudicou a formação dos frutos em pomares do interior de São Paulo. Isso pode diminuir a safra da fruta no estado.
No município de Aguaí, um pomar tem 900 pés de manga da variedade palmer, mas não tem a fruta. O excesso de chuva na época em que normalmente o clima é seco fez com que a florada fosse reduzida. Em muitas árvores, ela nem chegou a acontecer.
“Em 2014, a gente teve um inverno seco, ano seco, e 2015 teve um inverno chuvoso. Então a gente teve muita chuva em maio, junho e julho aqui na nossa região e, com isso, a planta não teve o estresse necessário pra fazer uma produção alta”, diz o engenheiro agrônomo Weber Marti.
Se tivesse fruta, a colheita dessa variedade seria agora em janeiro e em fevereiro. Mas, sem produção de manga, o produtor Wilson Martucci quer amenizar o prejuízo com a antecipação da próxima florada, usando hormônios na planta.
“Nós estamos fazendo uma indução floral pra ver se conseguimos a florada em fevereiro e colher os frutos em setembro. É uma experiência inédita. Dois meses atrás, nós colocamos hormônio pra segurar o nitrogênio e vir essa florada. Vamos usar adubos pra facilitar o pegamento da florada e talvez colher este fruto em setembro”, diz o produtor.
Em outro pomar a situação é melhor, mas ainda longe da ideal. As mangueiras produziram menos frutos. Cada pé costuma produzir mais de 150 quilos de manga por safra. Desta vez, a produtividade deve ser metade disso.
E a umidade traz outro problema: maior incidência de antracnose, doença causada por um fungo e que pode ser identificada por manchinhas escuras na casca da fruta.
“É um fungo muito rápido e agressivo. Com poucos dias de umidade, ele já danifica a casca e causa a queda. Na florada, o oídio é um problema sério para a gente também. Nós estamos vendo muita bacteriose em manga, o que não é normal”, diz o agrônomo Marti.
Na safra passada, Aguaí produziu mais de 2.000 toneladas de manga./ o município é um dos principais produtores da fruta no estado de São Paulo. Ainda não se sabe o tamanho da redução da safra 2015/2016, mas a oferta um pouco menor não deve alterar os preços, que se mantêm estáveis.
“O preço atual do quilo de manga está entre R$ 0,60 e R$ 0,70 na roça. E o supermercado vende a R$ 4,50”, diz o produtor José Artur Bordin. Para ele, a queda na produção não tem força para alavancar os preços.