Exportação de etanol deve permanecer alta no Brasil, prevê Unica

No último dia do Ethanol Summit, debates trataram do mercado global da cana-de-açúcar e dos desafios econômicos para o setorO segundo dia do Ethanol Summit, um dos principais eventos do mundo voltados para as energias renováveis, particularmente o etanol e os produtos derivados da cana-de-açúcar, contou com discussões sobre o mercado sucroenergético global. Painéis reuniram representantes dos Estados Unidos, Europa e África e trataram da produção mundial de etanol, de novas tecnologias associadas à redução de custos e dos problemas em relação à emissão de gás carbônico na atmosfera. O Brasil é visto como uma grande p

O Brasil está em um bom momento, já que exporta muito do que produz. Em 2012, as vendas brasileiras de etanol para outros países atingiram mais de 3 bilhões de litros, o que representa uma expressiva alta de 57,5% na comparação com 2011. A receita gerada somou US$ 2,18 bilhões, em 2011, foi de US$ 1,49 bilhão. Apesar do balanço positivo, o volume exportado só pode ser alcançado devido ao grande excedente do biocombustível, consequência da fraca demanda doméstica, associada à recuperação da moagem de cana na safra 2012/2013.

– A exportação de etanol e açúcar é necessária e exportamos uma boa parte do que a gente produz, o que equilibra a balança comercial. Com o desenvolvimento do etanol, temos mais um gerador de divisas. No ano passado, exportamos uma quantidade boa para os Estados Unidos e, nesse ano, deve ser mais ou menos a mesma quantidade, pouco menos de três bilhões de litros. Nós vamos atender bem o mercado interno e também temos o suficiente para atender bem o mercado americano – destacou a presidente executiva da Unica, Elisabeth Farina.

Representantes do setor no Brasil veem vantagens na substituição com o etanol 10% no que hoje é utilizado com o petróleo. Porém, muitos países estão preocupados por acreditarem que a produção ainda é insuficiente para atender ao mercado. A produção norte-americana de etanol no ano passado foi de mais de 13 bilhões de litros. São 211 usinas produtoras que, neste ano, têm capacidade de produção instalada de mais de 14 bilhões de litros.

De acordo com o representante da Associação de Combustíveis Renováveis, Ed Hubbard, os números são excelentes. Para ele, a produção e utilização de milho para etanol nos Estados Unidos não compete diretamente com o Brasil. Hubbard afirma que o mundo precisa de mais etanol e os dois países estão explorando um mercado que em expansão. Durante o evento, representantes dos Estados Unidos e da Europa afirmaram que o mercado mundial necessita de uma produção ainda maior de etanol. Eles acreditam que o Brasil precisa investir mais nesse setor para conquistar mais respeito.

Em 2009, cerca de 70% do etanol produzido na Europa foi utilizado como combustível para os transportes, o que representou uma mudança de perfil. Hoje, eles importam muito dos Estados Unidos. O presidente da Epure – empresa que representa os produtores e as empresas de etanol da Europa -, Rob Vierhout, prevê que o Brasil voltará a exportar para a União Europeia em 2016. Para isso, o setor precisa repensar os impostos cobrados e mudar o processo de utilização interna, quando a demanda for maior que a oferta.

Redução de custos

O painel “Tecnologia de curto prazo: maior eficiência e menor custo” tratou dos desafios para reduzir os custos de produção do setor sucroenergético diante das mudanças climáticas e das novas tecnologias no campo. Adriano Martins Villas Boas, diretor global de marketing da Syngenta, defendeu a importância do uso de novas tecnologias desde o viveiro, onde são escolhidas as melhores mudas de cana-de-açúcar, até a colheita.

– Cada etapa tem seus desafios e tecnologias que podem ser utilizadas para mitigar os problemas – destacou.

Segundo ele, mudanças climáticas e mecanização da colheita mudaram o ecossistema do campo, com o crescimento de pragas como a cigarrinha, que causa perdas de até 10% da produtividade. Sem a queima da cana, prosperaram também muitas ervas daninhas que antes não eram entraves para o setor, como a braquiária e a corda de viola.

– Há dez anos, a quantidade de cana crua era de 20%, mas houve um avanço da colheita dessa cana e isso trouxe um enorme impacto, porque mudou o espectro de plantas daninha – lembra Marcelo Isamel, diretor de Negócios e Especialidades da Basf, que nesse período de dez anos apostou em novas tecnologias, que se antes poderiam não ter mercado, e que agora se tornaram  importantes  com a mecanização.

Para reduzir os custos na colheita mecanizada, o diretor comercial da Case IH, Cesar di Luca, apresentou softwares de controle de rotação do motor das máquinas capazes de reduzir os gastos de combustível de até 25% e sistemas para a colheita que diminuem em 18% o percurso feito pela colheitadeira. Além disso, a empresa investe na capacitação de funcionários das usinas com um simulador de colheitadeira.

Segundo Walter Costa, diretor de negócios da FMC no Brasil, o grande desafio do setor é o de cortar custos sem prejudicar os investimentos, principalmente em defensivos agrícolas, capazes de garantir maior lucratividade dos canaviais ao combater essas novas pragas que a cultura mecanizada tem proporcionado. Em estudo apresentado pelo executivo, o corte de custos em defensivos agrícolas impede um crescimento maior da lucratividade. 

Na quinta, dia 27, o governo anunciou investimento no setor sucroenergético de mais de R$ 6 bilhões para a indústria, além de R$ 4 bilhões para a renovação dos canavias na próxima safra. O Ethanol Summit termina nesta sexta.

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