Fretes ficam mais caros por causa do aumento de impostos

Mas, o pior ainda está por vir. Especialistas acreditam que os transportadores ainda farão o reajuste mais pesado entre esta semana e a próxima fretes

Daniel Popov, de São Paulo
A decisão do governo de aumentar os impostos sobre os combustíveis começou a gerar impactos sobre o setor agrícola. Os preços partindo de Mato Grosso, rumo aos portos, ficaram mais altos nesta semana, se comparado ao ano anterior. Mas, segundo especialistas, o repasse real ainda virá.

O aumento dos impostos nos combustíveis, gerou uma alta de 3,5% no preço do óleo diesel usado nos caminhões, comenta o consultor Evandro Oliveira, da Safras & Mercado. O reflexo disso, pode ser observado no custo do frete, que em alguns casos, subiu 6,6%. “Claro que esta alta influenciou a alta do preço, mas nesta época, após a colheita do milho, é normal que a demanda maior puxe o preço para cima”, comenta Oliveira.

No trajeto ligando Primavera do Leste (MT) ao porto de Paranaguá (PR), o valor do transporte chegou a R$ 240 por tonelada, contra R$ 225 de uma semana antes. Com destino ao mesmo porto, um caminhão partindo de Rondonópolis (MT), está cobrando R$ 220 a tonelada, 5% a mais que os R$ 210 da semana anterior. “Os reajustes ocorreram, em grande parte, nos trajetos partindo de Mato Grosso rumo aos portos. No Rio Grande do Sul, por exemplo, como a busca por transporte caiu bastante, os preços recuram também”, diz Oliveira.

Para o assessor técnico da NTC Logística (entidade nacional que representa os transportadores), Lauro Valdívia a expectativa é que em rotas mais longas os preços do frete da soja subam pelo menos 4%. “Não dá para saber qual será o impacto no preço dos alimentos. Acredito que os mais baratos, verão estes reajustes mais rapidamente, como arroz e feijão, por exemplo”, diz o assessor. “Mas, vale ressaltar que o preço dos fretes está defasado há anos.”

Em um levantamento rápido, a NTC acredita que o valor do frete está defasado em 18% este ano, isso antes do aumento dos impostos. “No ano passado, essa margem era ainda maior, em torno de 24%. Mas, os transportadores conseguiram repassar um pouco”, conta Valdívia.

Este repasse do aumento do imposto para os fretes começou esta semana, mas terá maior movimentação até a próxima semana. Isso porque, o aumento do imposto chegou a ser bloqueado por uma medida judicial e o setor estava aguardando uma definição para elevar os valores. “Agora sim, acreditamos que os transportadores farão o reajuste e muitos podem aproveitar o momento para subir um pouco mais, para compensar a defasagem”, comenta Oliveira. “Claro que existem variáveis, oferta e demanda, valor do produtor e por ai vai. Vamos acompanhar esta situação de perto”, finaliza o consultor de mercado.

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