Futuro do setor sucroenergético é promissor no Brasil, diz analista da Rabobank

Analistas do setor sucroenergético avaliam que, apesar da crise atual, Brasil pode colher bons frutos com seu potencial para energia renovávelO analista da Rabobank Andy Duff avaliou nesta quinta, dia 29, durante o evento Perspectivas para o Agribusiness 2014 e 2015, da BM&F Bovespa, em São Paulo, que o setor sucroenergético brasileiro, com seu potencial para utilizar energia renovável, é promissor a longo prazo.

– O desafio é chegarmos até lá – considerou, acrescentando que o mundo precisará cada vez mais do açúcar nacional. No momento, segundo dados da Archer Consulting, a exportação do Brasil cresce a níveis maiores do que o consumo mundial da commodity, de 1,76%.

A presidente da Unica, Elizabeth Farina, também levantou a necessidade de “encontrar um caminho que leve o país a explorar seu potencial de energia limpa”. Ela citou um estudo apresentado durante uma audiência que ocorreu na Câmara dos Deputados esta semana.

– Mais de 9 mil mortes podem ser evitadas nas regiões metropolitanas se utilizarmos energia limpa. Temos tantas oportunidades, seja do lado de biocombustíveis ou do lado da energia elétrica. Os Estados Unidos já estão pensando na energia renovável. Minha pergunta é: qual ponte nos levará até lá? – questionou Elizabeth.

A falta de políticas energéticas de longo prazo foi um senso comum entre os três debatedores presentes. O diretor-executivo da Archer, Arnaldo Luis Corrêa, destacou a desaceleração no crescimento do setor do biocombustível. De acordo com dados da consultoria, desde o boom do etanol, o setor cresceu, em média, 6% ao ano. Nos últimos cinco anos, no entanto, o valor foi de 1,6%.

Além da falta de política para o setor, Corrêa também citou como problemas sem solução aparente a falta de transparência na formação de preços do etanol e o subsídio à gasolina, “que estrangula o caixa da Petrobras e o setor sucroenergético”. Apesar da crise, ele prevê que as usinas comecem a respirar melhor a partir da atual safra, com boas perspectivas de renegociação de dívidas e melhores preços nos próximos dois ou três anos. No entanto, o “subsídio à gasolina afasta dinheiro para novos investimentos”.

– Seríamos, conforme Lula, a Arábia Saudita do etanol, mas para atender à demanda, seria necessário construir 36 usinas até 2020. Nossa dívida chega de R$ 100,00 por tonelada, são R$ 57,5 bilhões, sendo que 12% é do BNDES – salientou Corrêa.

“Energia de biomassa pode socorrer o Brasil”

Nos bastidores, Elizabeth Farina destacou que a energia de biomassa poderia socorrer o Brasil neste momento de dificuldade de fornecimento de energia elétrica.

– O Brasil tem a matriz mais limpa de energia elétrica, porém, ela piorou nos últimos anos. Apenas 40% das usinas de cana exportam energia elétrica para a rede, e a gente está perdendo uma oportunidade de usar mais energia, bioeletricidade, energia de biomassa, que é uma energia limpa, e que poderia socorrer o país – considerou a dirigente.

Elizabeth e outros especialistas do setor apontam a desoneração da gasolina e o controle do governo sobre o preço do combustível fóssil como os principais fatores que tiram a competitividade do etanol no mercado brasileiro.

– O Brasil tem uma posição privilegiada, de permitir ao consumidor escolher na bomba o combustível que ele vai usar. Isso significa que a gasolina é um parâmetro para o etanol. Então, se cresce a demanda de combustível para veículos leves e a procura por etanol não cresce na mesma velocidade, porque ele não tem expectativa de retorno, nos vamos continuar importando muita gasolina.

Sobre a previsão da safra atual de cana-de-açúcar, na qual a moagem das usinas do Centro-Sul está 4% inferior em relação ao mesmo período do ano passado, Elizabeth analisa que é prematuro identificar o tamanho da redução da oferta.

– É provável que tenhamos uma redução na oferta de cana este ano, essa é a previsão, mas ainda não sabemos a extensão, por conta das possibilidades do aparecimento de El Niño. O impacto é muito heterogêneo no país. São Paulo tem sentido mais do que outros Estados – comentou.

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Arnaldo Corrêa, da Archer Consulting

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