Assim como nos dias anteriores, o domingo, 5, foi de caça aos gafanhotos para as equipes do Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa) na província de Corrientes. Conforme o boletim do órgão, os técnicos visualizaram os insetos se deslocando no sentido norte/noroeste, na região do município de Sauce. A estimativa das equipes é de que os insetos pousaram no final da tarde em uma área em Curuzu Quatiá, a cerca de 180 quilômetros de Uruguaiana (RS).
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“Na tarde do domingo, os técnicos avistaram os insetos mas horas depois perderam contato visual com os gafanhotos nessa região. A busca havia começado pela manhã, ao norte de Sauce. Quando terminaram as estradas secundárias, o grupo começou a seguir para norte pela Ruta 23. No caminho, eles ainda cruzaram por alguns insetos que provavelmente se desgarraram da nuvem. A região é inóspita e de difícil deslocamento – pela falta de estradas e muitas regiões de vegetação fechada e banhados se revezando com campos”.
Mesmo com os insetos tendo se deslocado no fim de semana em direção oposta, segue o alerta na fronteira gaúcha com a Argentina. Conforme o fiscal agropecuário Juliano Ritter, da Secretaria de Agricultura do Estado, com a chegada de uma frente fria, o tempo deve esfriar no Rio Grande do Sul nesta semana – o que seria pouco convidativo para gafanhotos. Embora o vento possa mudar em direção ao estado na quarta-feira, 8.
Fim de semana
Os gafanhotos voltaram a se deslocar depois de uma aplicação aérea realizada na manhã de quinta-feira, 2, que eliminou cerca de 15% da nuvem. Embora o Senasa não tenha divulgado uma avaliação precisa do resultado, a estimativa foi informada pelo representante local das Confederações Rurais Argentinas (CRA) Martin Rapetti. Com o frio, os gafanhotos estão se deslocando em voos curtos desde sexta e sendo rastreados pelos técnicos do governo argentino.
A operação aérea do dia 2 foi a segunda contra os gafanhotos. Ela cobriu uma área de 115 hectares no norte de Sauce, onde os insetos permaneceram pousados desde a segunda-feira, dia 29. A operação aérea anterior havia ocorrido no dia 26 de junho, quando a nuvem estava pousada em uma área de 70 hectares no interior do município de Curuzú Quatiá – mais a leste na província. A estimativa é de que, na ocasião, outros 15% dos gafanhotos haviam sido eliminados.
Também no último dia 2, representantes do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), do Ministério da Agricultura, da Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul e de outras entidades brasileiras participaram de uma videoconferência com as entidades de aviação agrícola da Argentina e Uruguai, além de autoridades do ministérios da Agricultura dos dois países. O objetivo foi nivelar as informações entre os técnicos, autoridades e operadores aeroagrícolas.
Um dos destaques foi a apresentação do chefe do Programa Nacional de Gafanhotos e Ticuras da Argentina, Hector Emílio Medina. Ele relatou o histórico das ações de combate a gafanhotos em seu país desde a fundação do programa, em 1891. E ressaltou o aumento, desde 2015, na incidência de grandes nuvens de gafanhotos na região entre o norte argentino, o Paraguai e a Bolívia. A nuvem que atualmente está na província de Corrientes havia sido detectada pela primeira vez em 11 de maio, quando o Serviço de Qualidade e Sanidade Vegetal do Paraguai (Senave) alertou o governo argentino de que uma nuvem de gafanhotos estava se deslocando pela região do Chaco rumo sul.
A partir daí, os insetos seguiram por mais de mil quilômetros, com as correntes de vento e temperaturas altas para essa época, até próximo à fronteira com o Rio Grande do Sul e o Uruguai. Foi a primeira vez em mais de 70 anos que uma nuvem tão grande chegava à região. Por conta disso, o Ministério da Agricultura do Brasil decretou emergência fitossanitária para se preparar para o combate à praga e as empresas associadas ao Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) no estado entraram em alerta.
Ao mesmo tempo, o sindicato aeroagrícola elaborou o texto preliminar de um plano para um programa permanente para enfretamento da praga no Brasil. Isso a partir dos protocolos do Senasa e da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). O documento segue sendo avaliado pela pasta e abrange dados sobre as características dos insetos e sua voracidade, as formas de combate em cada estágio e a tecnologia disponível no país.
O estudo reforça ainda os requisitos legais para as empresas aeroagrícolas operarem, desde registros e licenças ambientais até a formação mínima da equipe. A elaboração do plano ficou a cargo de uma equipe de agrônomos, todos com doutorados abrangendo áreas de Bioquímica, Fisiologia, Entomologia e Tecnologias de Aplicação.