CLIMA JOGOU CONTRA

Governo do Paraná reduz em 15% previsão da safra de grãos

Colheita da soja no estado deve recuar quase 12%, de acordo com levantamento do Departamento de Economia Rural

colheita da soja
Foto: Agência Estadual de Notícias do Paraná

As altas temperaturas e a insuficiência de chuvas levaram o governo do Paraná a reduzir a estimativa da safra de grãos para a temporada 2023/24. A Previsão Subjetiva de Safra (PSS) 2023/2024, divulgada pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura do estado nesta quinta-feira (25), é de 22,1 milhões de toneladas, 15% a menos que as 25,5 milhões de toneladas estimadas na primeira projeção de plantio, feita em agosto de 2023.

A principal cultura do estado, a soja, teve rebaixadas as projeções de área plantada e produção. A intenção dos produtores paranaenses era semear 5,8 milhões de hectares. No entanto, o total fechou com pouco mais de 5,7 milhões (0,5% a menos). Em produção, passou de 21,8 milhões de toneladas potenciais para 19,2 milhões de toneladas, o que corresponde a uma redução de 11,9% na expectativa. A colheita de soja atingiu 12% da área total até agora, de acordo com o Deral. Do que resta a campo, 61% está em condição boa; 31%, mediana; e 8%, ruim.

“Era uma situação que infelizmente já estávamos prevendo”, disse o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara. “O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e a Conab também já vinham falando das perdas e acreditamos que as próximas avaliações devem reduzir mais as perspectivas da safra brasileira e mundial”.

Apesar das perdas no Paraná e no Brasil, a expectativa de produção mundial ainda é boa. O mais recente relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontou uma produção de 399 milhões de toneladas. “Se ficar em torno disso, o preço deve continuar pressionado”, disse o analista de soja do Deral, Edmar Gervásio.

Milho no Paraná

O milho de primeira safra paranaense também sente as más condições climáticas. De uma previsão inicial de 2,9 milhões de toneladas, referentes ao plantio em 309 mil hectares, a nova previsão passou para 2,6 milhões de toneladas (10,3% a menos). A área plantada foi redimensionada para 291,5 mil hectares (5,6% menor).

“Essa é uma safra pequena no Paraná, em comparação com a segunda safra, para a qual estão previstos 14,5 milhões de toneladas, e até agora há boa expectativa produtiva”, afirmou Gervásio. As chuvas observadas nos últimos dias têm ajudado para que o plantio seja realizado em condições ideais. A semeadura deve se fortalecer a partir de fevereiro.

Feijão e arroz

O feijão de primeira safra, que está entre os três grãos mais importantes da safra de verão paranaense, está com prognóstico 28% inferior ao potencial. Em agosto de 2023, a previsão era colher 216 mil toneladas, e, agora, passou para 156,4 mil toneladas, ainda que a área permaneça em torno de 113 mil hectares, como previsto.

“Mas é uma safra com tendência de apresentar bons preços”, ponderou o agrônomo Carlos Hugo Godinho, do Deral.

Para o arroz irrigado, que é produzido particularmente no noroeste do estado, o potencial de início apontava 152 mil toneladas em 19 mil hectares. Com as chuvas de outubro e novembro de 2023, que deixaram grande parte das lavouras inundadas por alguns dias, houve retração. Atualmente a projeção é de 115 mil toneladas em 18 mil hectares. “Mas em termos de Brasil espera-se uma safra boa”, afirmou Godinho.

Hortifrútis

A primeira safra de batata, cultura que é um dos destaques da produção do Paraná, já foi toda semeada em 14,5 mil hectares, segundo o Deral. Pelo menos 86% da área foi colhida. No entanto, somente dois terços são considerados de boa qualidade para o comércio, como resultado das condições climáticas.

“O mercado do clima na horticultura é uma variável permanente”, disse o engenheiro agrônomo do Deral Paulo Andrade, analista do setor. Segundo ele, os produtores sofreram tanto no plantio quanto no arranquio.

O tomate de primeira safra está quase todo plantado e já com 70% da área, de 2,4 mil hectares, colhida. “A produtividade ficou um pouco abaixo do previsto, também em decorrência do clima”, informou Andrade. A estimativa é de colheita de 131 mil toneladas. Segundo ele, a segunda safra já começou a ser plantada, mas ganhará força em abril.

A cebola teve o ciclo encerrado no Paraná. Foram colhidas 94,4 mil toneladas em 2,7 mil hectares. “Houve boa produtividade, mas também em razão das condições climáticas perdeu em qualidade”, salientou o analista. Do que foi colhido, cerca de 80% já estão comercializados. A segunda safra de cebola é plantada somente no segundo semestre no Paraná.