INTERNACIONAL

Grãos: clima e guerra ameaçam estoques da Europa, aponta consultoria francesa

Mercados de milho e cevada, em particular, podem ter dificuldades para atingirem um ponto de equilíbrio em 2023/24

O mercado de grãos da Europa deve enfrentar um período de incertezas. Segundo a consultoria francesa Strategie Grains, o clima adverso e as preocupações com a restrição das exportações da Ucrânia ameaçam os estoques de trigo, cevada e milho do continente.

Em particular, os mercados de milho e cevada podem ter dificuldades para atingirem um ponto de equilíbrio em 2023/24.

As chuvas pesadas no norte da Europa atrasaram a colheita do trigo, principalmente na Alemanha e na Escandinávia. Isso provocou a piora das condições das lavouras. O calor no sul do continente prejudicou as culturas na Itália e na Espanha. Esses fatores deixam a produção europeia sob pressão neste ano.

Mar Negro

Os embarques de produtos, como o milho, da Ucrânia, pelo Mar Negro, para a Espanha, frearam as preocupações causadas pela onda de calor dos últimos dois anos. Os temores, agora, voltam-se às exportações ucranianas, com a escalada do conflito na região. Os custos de frete estão subindo.

Segundo a Strategie, a Europa pode ter problemas em conseguir oferta suficiente para atender à sua demanda.

Projeções de grãos

A consultoria espera a safra de trigo da União Europeia em 124,7 milhões de toneladas, abaixo das 125,3 milhões do ano passado. A produção de cevada deve totalizar 47,2 milhões de toneladas, contra 51,3 milhões um ano antes.

O milho deve somar 58,7 milhões de toneladas, acima das 52,1 milhões produzidas em 2022/23, mas 2 milhões de toneladas abaixo do projetado em julho.

A Strategie acredita que os preços do trigo soft da França devem cair, mas as cotações no Mar Negro devem subir, estreitando a lacuna entre as origens. A cevada deve seguir estável e o milho deve cair levemente, com uma ampla safra estadunidense.

“Os preços destes grãos podem subir de novo, em caso de novos cortes nas projeções para a colheita europeia, ou caso as tensões no Mar Negro continuem a escalar. No entanto, não acreditamos que qualquer alta expressiva seja insustentável, uma vez que reduziria ainda mais a demanda, já sob pressão severa”, informou a consultoria.

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