Impactos da mecanização na cultura da cana são debatidos em fórum na Agrishow

Forma de colheita gera desemprego e consequências que se refletem na sociedade, afirmam especialistasNesta terça, dia 30, foi realizado mais um Fórum Canal Rural na Agrishow 2013. Foram discutidos os impactos da mecanização na cultura de cana-de-açúcar. Participaram do debate a diretora do Instituto de Economia Agrícola da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Marli Dias Mascarenhas Oliveira, o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo (Fetaesp), Braz Albertini, o presidente da Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São P

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Segundo Marli Dias, a mecanização é acelerada por diversos fatores, tais como prazos para redução da queima da palha da cana, avanços tecnológicos e a busca por ganhos em eficiência e produtividade. Ela apresentou dados que mostram que o número de propriedades rurais que utilizaram a mecanização para a colheita da cana avançou de 42%, em 2007, para 80%, em 2012. Em contrapartida, o número de trabalhadores rurais caiu de 163 mil, em 2007, para 85 mil, em 2012.

O modo com que os produtores estão tendo que deixar de queimar a palha de cana, que é muitas vezes abrupto, obriga-os a utilizar a mecanização. Esta forma de colheita gera desemprego e consequências que se refletem na sociedade. Manuel Ortolan criticou o pouco tempo com que os produtores estão tendo para se adaptar às novas normas e a falta de comprometimento do poder público com a questão.

– Se o tempo para a adaptação fosse maior, seria mais fácil acomodar os trabalhadores e aplicar as políticas públicas – afirma.

Cesário Ramalho acrescenta que o assunto precisa ser tratado com mais seriedade pelo governo, já que as políticas públicas são, até o momento, inexistentes.

O representante dos trabalhadores rurais, Braz Albertini, defendeu a ideia de que os trabalhadores foram ignorados ao aplicar as normas e que falta qualificação profissional para o ingresso dessas pessoas no mercado de trabalho. Segundo ele, mais de 100 mil trabalhadores perderam o emprego, entretanto, menos de 10% foram qualificados. Esses trabalhadores, muitas vezes, vão para as periferias e se integram ao crime, piorando o quadro social das cidades brasileiras. Além disso, ele observa que, devido à quantidade de trabalhadores disponíveis, fica inviável a reivindicação dos direitos através de greves, situação que é aproveitada para a diminuição dos salários.

Mesmo tendo implicações sociais, a mecanização da cana tem cumprido seu objetivo de preservação ambiental. Segundo dados apresentados pela pesquisadora Marli Dias Mascarenhas, a emissão de CO2 diminuiu 70% no campo, além de permitir a reconstituição das matas ciliares.