Indefinição do clima nos EUA pode trazer oportunidades de preços para a soja

Para analistas, os produtores brasileiros devem ficar ainda mais atentos nestas próximas semanas para tentar vender mais um pouco da safra estocada

Daniel Popov, de São Paulo
O relatório divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) sobre os estoques e área plantada com soja e milho nos Estados Unidos não trouxe muitas novidades ao mercado. Com isso, segundo analistas de mercado do Brasil, as cotações da soja devem seguir sob influência direta do clima nos Estados Unidos e abrir chances de preços maiores para os produtores venderem a soja estocada.

A área cultivada com a oleaginosa estimada pelo USDA foi de 36,5 milhões de hectares, muito próximo das 36,8 milhões de hectares estimados pelo mercado. “O aumento da área de soja é um recorde, 7% maior que o ano passado. Mas, o mercado já estava esperando isso. O resultado trouxe um leve incremento nas cotações do dia”, afirmou o analista de mercado Enio Fernandes.

Os estoques, no entanto, vieram levemente mais baixos que os esperados pelo mercado. Segundo o USDA os estoques serão de 26,2 milhões de toneladas, 11% maior que o mesmo período do ano anterior. O mercado esperava algo em torno de 26,7 milhões de toneladas. “Nenhum destes números trouxe mudanças para as cotações, pois o mercado já considerava estes dados. O que tem puxado as cotações para o alto é a incerteza sobre o clima nos Estados Unidos”, garante o analista da Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez.

Em uma análise breve, a consultoria Agresource Brasil, acredita que as previsões climáticas apontam um padrão desvantajoso para o progresso de safra nos Estados Unidos, principalmente após o feriado de 4 de julho. Uma expansão da massa de ar quente de alta pressão sobre o oeste dos Estados Unidos se desenvolve em direção ao centro do país, dificultando a formação de novas chuvas na primeira metade do mês de julho.

As temperaturas deverão se manter acima da média para quase todo o período de expansão da massa. Apesar das recentes chuvas “recuperarem” uma grande parte da umidade depositada no solo, as precipitações regulares e temperaturas mais frias são de extrema importância para o bom desenvolvimento da soja e milho, durante o mês de julho.

Para todos os analistas consultados esta indefinição sobre o clima nos Estados Unidos trará oportunidades de preços maiores e os produtores precisam ficar atentos para negociar. “Se houver perdas por conta do clima, o bushel poderá trabalhar acima de US$ 10 por bushel entre agosto e setembro. Caso contrário, no mesmo período, acredito que os preços cairão abaixo de US$ 9 por bushel. Mas, ainda é cedo para cravar alguma coisa”, diz Gutierrez. “De certo, só que o produtor brasileiro precisa ficar de olho aberto agora, pois poderá ter chances de conseguir preços melhores.”

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