Indústria brasileira de suco de laranja planeja campanha mundial para promoção do produto

Objetivo do movimento é articular toda a cadeia produtivaA indústria de suco de laranja planeja fazer uma ampla campanha de promoção do produto brasileiro em escala global, integrando a cadeia produtiva. Foi o que disse nesta quarta, dia 29, o presidente da CitrusBR, Christian Lohbauer. Ele participou, em São Paulo, de um encontro promovido pelo núcleo de agronegócio da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

A entidade apresentou as atuais ações de promoção do suco brasileiro, feitas em parceria da indústria com a Agência de Promoção das Exportações (Apex), mas a polêmica sobre o uso do fungicida carbendazim não ficou de fora. Lohbauer afirmou que nenhum outro mercado, além dos Estados Unidos, rejeitou o produto por causa do produto. A única reação até agora veio da Austrália, onde se discute uma tolerância menor ao carbendazim. Movimento que o presidente da CitrusBR considera oportunista.

— É uma questão interna. A gente acompanha com interesse porque 90% do suco importado pelos australianos é brasileiro, mas, no final, eu acho que vai haver maturidade. Os australianos vão estabelecer um índice menor de tolerância, mas não vai ser zero — afirmou.

Sobre o mercado americano, Lohbauer disse que, em um período de seis a oito meses, as indústrias vão ter suco concentrado livre do fungicida para exportar. Até que isso aconteça, entre 20 mil e 25 mil toneladas deixaram de ser embarcadas para os Estados Unidos. A perda é calculada em US$ 50 milhões. O presidente da entidade lembra ainda a preocupação com o efeito sobre o consumidor.

— Esse caso não era para ser visto como um caso de contaminação alimentar, porque não é, mas, infelizmente, a opinião pública, por causa de analistas equivocados, recebeu isso como um caso de contaminação e o efeito é que o consumo cai e isso é ruim para todo mundo.

Para a campanha global de promoção do produto brasileiro, Lohbauer diz que as conversas com possíveis participantes estão no início e o objetivo é articular toda a cadeia produtiva.

— Todo mundo participaria, inclusive o produtor de laranja brasileiro, as indústrias, as engarrafadoras, os distribuidores e quem mais quiser porque o interesse é coletivo. A gente começou as conversas com eventuais participantes. É um processo que demora de seis meses a um ano para planejar e se realizar — explica.

O coordenador do núcleo de agronegócio da ESPM, José Luiz Tejon, acredita que o ocorrido com o suco de laranja trouxe uma importante lição de marketing para o agronegócio brasileiro.

— Eu creio que este assunto seria útil porque nos obriga a tomar ações mais fortes do ponto de vista de comprometimento com a qualidade, que é o caso dos resíduos, e com marketing, que é o que falta no agronegócio brasileiro. No caso do suco de laranja, ainda bem que tem um trabalho que já se iniciou, mas é possível aprimorar e ampliar — comenta.