Infraestrutura penaliza produção de soja no Rio Grande do Sul

A RSC-392, estrada estadual que escoa o maior volume de produção no município, está em condição precáriaNa Abertura Oficial da Colheita da Soja do Rio Grande do Sul, que aconteceu na manhã deste sábado, dia 29 de março, a principal demanda dos produtores foi por infraestrutura para escoar a produção com menos custos. A colheita aconteceu na propriedade de Armindo Mugnol, no município de Tupaciretã, na região Central, que responde por mais da metade da produção do grão no Estado.

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– Precisamos investir no melhoramento de nossas estradas. Há muitos anos estamos somando elevados prejuízos com a impossibilidade de transporte nos períodos de chuva, prejudicando até mesmo o transporte escolar – pediu o anfitrião do evento, Armindo Mugnol.

A região enfrenta problemas para escoar a produção agrícola. A RSC-392, estrada estadual que escoa o maior volume de produção no município, está em condição precária, encarecendo o frete agrícola. Há, inclusive, empresas que se recusam a trafegar pela rodovia.

– Nós perdemos de R$ 0,50 a R$ 1,00 por saca por não termos acesso com asfalto na região. Há anos reivindicamos o asfaltamento da rodovia, os governos prometem o asfalto, a obra é iniciada e, por um detalhe de licenciamento, é embargada – conta o produtor rural.

O governador do Estado, Tarso Genro, que participou da abertura da colheita, disse que a expectativa do governo é ter o asfaltamento da rodovia concluído até o próximo anos. As obras recomeçaram há cerca de uma semana.

– O projeto tinha muitos defeitos técnicos que foram consertados e agora vamos conseguir concluir a obra – prometeu o governador.

Antônio da Luz, economista da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), lembra que, mesmo com a estrada asfaltada, o sistema logístico para escoamento dos grãos no Estado está longe do ideal. A melhor saída para baratear o escoamento dos grãos gaúchos seria o investimento em hidrovias.

– Os Estados Unidos conseguem escoar a soja deles com um terço do custo que temos aqui porque lá os caminhões não andam dois mil quilômetros como aqui, lá sai tudo pela hidrovia do rio Mississípi – compara o economista.

De acordo com Antônio da Luz, mais de 70% da produção de grãos do Rio Grande do Sul se dá em torno dos rios Taquari e Jacuí, ambos formadores da Lagoa dos Patos, que chega até perto do Porto de Rio Grande. A proposta da Farsul é que esta rota de escoamento, toda navegável de acordo com a  entidade, seja utilizada para escoamento das safras.

A safra gaúcha

A produção de soja no Rio Grande do Sul deve ser recorde nesta safra, segundo estimativa da Emater-RS, alcançando 13 milhões de toneladas, colhidas em uma área de 4,9 milhões de hectares. A produtividade média desta safra no Estado está estimada em 2,7 mil quilos por hectare.

Tupanciretã é o município gaúcho com a maior área cultivada com o grão no Estado. São 145 mil hectares onde os produtores esperam colher aproximadamente 390 mil toneladas de soja. Existem mais de 20 unidades de recebimento de grãos, entre quatro empresas de armazenamento, disponíveis para receber, em média, 400 mil toneladas de soja. Segundo a Emater do município, a produção terá uma pequena quebra, devido ao calor intenso, no final de janeiro e início de fevereiro deste ano.