Instituto cria método que transforma papel em planta em São Paulo

Material reciclado tem mistura de sementes, que podem ser cultivadas após o usoSementes de flores e temperos são transformadas em convites e cartões de visita em Atibaia (SP). Trata-se do papel semente, uma novidade sustentável que ganha cada vez mais espaço no mercado brasileiro. Segundo o diretor do Instituto Papel Solidário, Sergio Martinho, a fábrica produz 500 folhas de papel diariamente. Restos do material, jogados no lixo por pessoas e empresas, ganham destinos criativos.

– A ideia é a gente não jogar fora o papel. Reaproveitar sempre e reciclar o máximo de material que agente puder. Costumamos usar apara de papel de escritórios, sulfite, A4, que geram bastante lixo. Então, a gente utiliza para poder fazer a massa de papel reciclado – diz.

O processo é simples e artesanal. O material recebido é picado e colocado de molho em tanques com água. Depois, a massa passa por uma espécie de liquidificador e é peneirada. Após mais uma etapa de molho, é colocada em uma tela que molda o formato da folha. E, há cerca de quatro anos, uma ideia inovadora mudou a rotina na empresa.

– No início de 2008, a gente recebeu um cartão do Exterior. Um cartão de Natal. E desenvolvemos, a partir desse modelo, o nosso papel semente. Ele é reciclado, recheado com as sementes no meio, entre duas folhas – explica.

Cravo francês, boca de leão, pimenta e diversas outras sementes são colocadas no meio do papel reciclado. A folha pronta dá origem a cartões de visitas, convites e marcadores de página. O diferencial é que eles podem ser plantados. Basta molhar e plantar em terra fértil. Depois de 20 a 30 dias, a folha germina e dá origem a canteiros de flores.

– As pessoas estão começando a conhecer mais o papel semente. De 2008 para cá, a demanda cresceu bastante. E as gráficas agora estão tomando bastante conhecimento desse papel. Então, a tendência é que se use durante esse ano muito mais papel semente do que se usou nesse passado recente – aponta.

O Instituto também desenvolveu um papel feito de sacos de cimento e outro confeccionado com bituca de cigarro, além de um a partir bagaço de cana.