Japão suspende e países da Ásia adiam importação de trigo dos Estados Unidos

Plantas de trigo cultivadas no Estado de Oregon seriam geneticamente modificadas sem autorização de órgãos regulatórios norte-americanosO Japão suspendeu importações de uma variedade de trigo norte-americano cultivado no Estado de Oregon depois que plantas geneticamente modificadas não autorizadas por órgãos regulatórios norte-americanos foram descobertas em uma propriedade do Estado. Outros importadores asiáticos deicidiram adiar os pedidos depois que os Estados Unidos anunciaram que estão investigando o caso.

O ministério de Agricultura, Florestamento e Pesca japonês está em contato com a embaixada dos Estados Unidos em busca de confirmações sobre a “segurança do trigo” comercializado pelo país, disse Toru Hisazome, responsável pelo departamento de importações do órgão.

Na quarta, dia 29, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) informou que está investigando a descoberta, em uma lavoura de Oregon, de uma estirpe de trigo resistente a herbicida, que foi desenvolvida pela Monsanto e não era testada em campo desde 2005, quando os produtores e compradores se opuseram ao plano da empresa de buscar aprovação de reguladores para vender a semente.

O Japão continuará acompanhando o andamento da investigação do USDA antes de tomar uma decisão sobre a possibilidade de retomar as importações de trigo branco norte-americano do tipo Western White, apontou Hisazome. As importações de outras variedades de trigo dos EUA não serão afetadas, segundo ele.

Outro funcionário do ministério da Agricultura japonês disse que cerca de 90% do trigo produzido no Oregon é classificado como trigo “branco soft”, incluindo o Western White, que no Japão é moído para ser usado em alimentos processados. A variedade costuma representar cerca de um terço das compras japonesas de trigo dos EUA.

O trigo branco também é cultivado em outros Estados dos EUA. A variedade é popular em outros países asiáticos, incluindo Taiwan, Coreia do Sul e Indonésia. Do total de trigo exportado pelos EUA na temporada 2012/2013, que termina em 31 de maio, cerca de 17% foi de trigo branco, de acordo com uma projeção do USDA.

Funcionários do USDA informaram que um produtor encontrou o trigo transgênico ao limpar campos em abril, depois que um herbicida não conseguiu destruir algumas plantas. Os funcionários do governo não relataram quanto de trigo modificado havia no campo e disseram estar investigando a possibilidade de que parte dos grãos tenha sido vendida ou exportada.

O trigo modificado foi plantado em canteiros de teste em todo o país de 1998 até 2005, e não deveria ter sido encontrado em uma propriedade agrícola comercial, afirmaram autoridades do USDA. Isso porque os EUA não aprovaram o trigo geneticamente modificado para produção comercial.

– Embora os resultados do USDA sejam inesperados, há muitas razões para acreditar que a presença do traço Roundup Ready em lavouras de trigo, se confirmada, é muito limitada – disse a Monsanto, em um comunicado, referindo-se ao nome comercial para sua semente geneticamente modificada. A empresa disse que trabalhará com o USDA para confirmar os resultados dos testes e realizar sua própria investigação para impedir qualquer presença de trigo modificado no fornecimento de sementes no país.

Outros mercados

Nesta sexta, dia 31, moinhos sul-coreanos suspenderam licitações para importar o cereal norte-americano. A Associação de Moinhos de Taiwan também anunciou que está reavaliando seus planos de compra dos EUA e que poderá buscar uma garantia de fornecedores de que apenas grãos não transgênicos sejam enviados ao país. Já o presidente da Associação de Moinhos da Indonésia afirmou que os moinhos locais continuarão comprando trigo norte-americano, a menos que haja objeção por parte de fabricantes de macarrão, padarias ou outros consumidores.

Com isso, grãos produzidos na região do Mar Negro, da Austrália e do Canadá devem ganhar espaço sobre o trigo norte-americano, a menos que as autoridades dos EUA consigam provar conclusivamente que a descoberta em Oregon foi um caso isolado, o que vai levar tempo, disseram vários analistas e traders. Os países asiáticos respondem por cerca de 25% do comércio global anual de trigo, de 145 milhões de toneladas.

– Se for comprovado que outros agricultores nos EUA também estão usando cepas transgênicas, então teremos um grande problema, e os mercados asiáticos estarão na linha da frente para garantir que não ficarão com o trigo geneticamente modificado -, disse Abdolreza Abbassian, economista sênior da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

Agência Estado