Kátia Abreu: ano de 2013 foi excepcional para o agronegócio do país

Em entrevista exclusiva, presidente da CNA fala sobre perspectivas de abertura de novos mercados em 2014O ano de 2013 foi excepcional para o agronegócio, avalia a presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu. Na entrevista exclusiva que concedeu ao Canal Rural, Kátia fala também sobre as perspectivas de abertura de novos mercados em 2014. Entre os países, destaque para a China, onde uma missão brasileira estuda a instalação de churrascarias e cafeterias. A senadora ainda avalia os principais temas discutidos neste ano, como a demarcação de terras indíg

A CNA segue firme no propósito de ampliar as vendas dos produtos brasileiros para a China, que é o principal país que adquire produtos agrícolas. A senhora tenta fazer com que grupos de churrascarias também passem a atuar no mercado chinês?

Nós queremos com essa estratégia não só aumentar as nossas exportações e o consumo da carne naquele país. Nós queremos vitrines especiais instaladas na China, para que o povo chinês conheça a qualidade da carne brasileira, o sabor, e, principalmente, uma nova forma de comer carne, que é assada. Essas churrascarias deverão ser churrascarias de rodízio. E duas missões já estão organizadas com grupos diferentes para irem até a China, para fazerem estudos de viabilidade e plano de negócios.

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E o café: a previsão não é boa para o próximo ano, de redução dos preços. Há possibilidade também de abrir cafeterias na China?

O especial na China é que é um mercado novo que se abre. Então, o Brasil não vai vender café pra China no lugar de outro que está vendendo. A China não consome café. São três xícaras de café por ano por chinês. O nosso desafio é fazer eles beberem 10 xícaras por ano. Já é muita coisa pra tanta gente, 1,3 bilhão de pessoas. Mas nós queremos estar lá, porque a consumo de café na China está crescendo de 12 a 15% ao ano, e só não dá um volume grande porque eles bebem muito pouco. Nós queremos estar lá para acompanhar essa evolução, que é adoção de um hábito ocidental, especialmente pelos jovens de 18 a 35 anos, que estão bebendo café e gostando muito. Precisamos que o café brasileiro chegue à Ásia, porque é um aumento forte de consumo e poderemos definitivamente resolver os problemas de competitividade que o Brasil tem com relação à questão de mão-de-obra por conta dos encargos trabalhistas.

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2013 foi um bom ano para o agronegócio?

Foi um ano excepcional, mas nem por isso nós queremos que os nossos produtores tirem o pé do chão. Mas nós precisamos de cautela, observar o mercado internacional. A China tem boas perspectivas, os Estados Unidos estão melhorando o seu consumo. A Europa ainda não. Então, a cautela é sempre exigida numa atividade tão sensível como o agronegócio. Dificilmente em 2014 nós repetiremos os números tão estrondosos de 2013. Mas, se mantivermos os números, estamos satisfeitos. A tendência dos produtores, normalmente, é aumentar muito a produção quando um ano é muito bom.

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A questão indígena é uma pendência que fica para o próximo ano?

Infelizmente, ainda é uma pendência, mas que eu não gostaria de esperar para o próximo ano. Eu ainda acredito que o trabalho das entidades, congressos, com relação à publicação da Portaria 303 que vai pacificar o campo. Ela traz as condicionantes de Raposa Serra do Sol julgadas por unanimidade no Supremo Tribunal Federal, dando as regras de como se fazer para demarcar novas áreas indígenas. É só disso que nós precisamos. Nós precisamos de um marco e isso já foi definido pela Justiça brasileira.

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Dificuldade por parte dos Estados para liberação de licenciamentos ambientais para construção de armazém.

Nós pretendemos ter um diálogo em fevereiro do próximo ano com a ministra do Meio Ambiente [Izabella Teixeira]. Foi ideia dela própria, de trazermos todos os Estados, secretários, presidentes de institutos de licenciamento ambiental nos Estados para falar sobre as nossas dificuldades, do que está travando a produção na base. E onde podemos normatizar, respeitando o pacto federativo, autonomia dos Estados, governadores, municípios, mas no sentido de ajudar, fazer uma força-tarefa para que o meio ambiente seja preservado, mas sem burocracia, dificuldades porque isso também afasta o investimento daqueles Estados que apertam demais na burocracia e no excesso.

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