Linha de crédito do Programa ABC possibilita integração de lavoura, pecuária e floresta

Fazenda do ex-ministro da Agricultura Alysson Paulinelli, em Minas Gerais, é exemplo de sustentabilidade e foi financiada pelo programaA recuperação de terras degradadas é uma técnica utilizada a pouco mais de 20 anos. A prática tem sido fundamental para a continuidade da pecuária, que precisa ser sustentável. Estudos da Embrapa mostram que uma pastagem degradada rende, no máximo, dois arrobas por hectare ao ano. Quando a recuperação é feita, com a reposição dos nutrientes que garantem uma dieta de melhor qualidade para o gado, o rendimento pode ser multiplicado por seis. Com o incentivo do Programa ABC, a meta para os próximos

O Estado de Minas Gerais possui 25 milhões de hectares com pastagem. Do total, 16 milhões de hectares (60%) estão degradados ou em estágio de degradação. Se a área não for recuperada, o cerrado regenera e, de acordo com a legislação ambiental, as árvores não podem mais ser arrancadas.

– Tudo aquilo que regenerar não poderá mais ser trabalhado. Você tem que se concentrar em cima de áreas ocupadas ou degradadas, que podem ser trabalhadas intensivamente. O custo da prática gira entre R$ 2 mil e R$ 4 mil por hectare, daí a importância do Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), o seguimento de crédito rural que fornece sustentação – explica o engenheiro agrônomo da Emater-MG José Alberto Pires.

O ex-ministro da Agricultura Alysson Paulinelli, que é considerado o ‘pai do cerrado’, já conseguiu R$ 2 milhões através da linha ABC, e prova que, se o recurso chega até o produtor e o investimento é feito corretamente, a produção integrada com grãos, carne, leite e floresta é possível.

Paulinelli comprou sua fazenda no pé da Serra do Cipó, na região Central de Minas Gerais, em 1992. A área fica localizada entre cerrado e montanha, portanto, é de difícil trato. O produtor explica que, nos 1.236 hectares da propriedade, ele possui área tratorável e 20% de mata preservada. Paulinelli se considera um produtor de água, com 200 pequenas barragens que seguram a água da chuva e aumentam a reserva do lençol freático, garantindo o fornecimento durante a seca, que dura sete meses na região.

– Todo mundo vai ter que adotar [o sistema]. A água é um bem que não podemos destruir, ao contrário, temos que proteger – destaca o produtor.

O cronograma de produção faz o giro com dois anos de pastagem e, no terceiro, com reforma da área, antes de ser degradada com os grãos. A fazenda Boa Vista tem 600 hectares no sistema lavoura-pecuária. Em 2011, o produtor engordou 480 animais. Em 2012, entregou 800 e, neste ano, a meta é mandar para o abate 1.200 bois. Hoje, a propriedade tem sete meses de atividade pecuária e cinco de cultivo na lavoura na mesma área.

Paulinelli explica que o processo para tornar a área produtiva iniciou com a recuperação do solo (limpeza e adubação), seguida dos investimentos necessários para ampliar o projeto. Com os recursos, o produtor pode comprar cerca de 600 vacas e 60 touros, que ampliaram a capacidade produtiva, além de construir galpões, especialmente na parte de confinamento.

O financiamento garantiu três anos de carência e cinco anos para o pagamento, com juros de 5% ao ano. Ele afirma que com bom gerenciamento de recursos, é possível obter sustentabilidade.

– Os recursos surgem da oportunidade que você criou de tornar um solo improdutivo em produtivo, os recursos servem para dar continuidade ao projeto – finaliza o ex-ministro.

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