De acordo com coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental do Envira (entidade vinculada à Funai), Arthur Meirelles, são grandes os riscos de os indígenas terem suas terras invadidas por madeireiros peruanos.
? É um perigo para a saúde física e mental desses índios, não apenas pelo risco de os madeireiros peruanos matá-los e expulsá-los. O simples contato pode resultar em doenças que, apesar de inofensivas para o branco, são mortais para esses índios ? explicou Meirelles à Agência Brasil.
Há três grupos da etnia Pano na região, com cerca de 600 índios. Há, ainda, entre 600 e 800 índios de um grupo nômade da etnia Mascupiro, que também são isolados.
? Não faz parte da política da Funai fazer contato com eles, exceto em caso de urgência, para evitar o desaparecimento desse povo, a exemplo do que já ocorreu com outras etnias. Nosso plano é atuar no campo do monitoramento, da fiscalização e vigilância da terra indígena ? ressaltou o indigenista.
Segundo ele, as pinturas, feitas com urucum e jenipapo, e as plantações levaram a Funai a concluir que os índios fotografados são realmente da etnia Pano.
? É um povo originário do Peru que trabalha muito com roçados. Plantam muito milho, algodão e banana, além de fazerem uso de pinturas bastante características ? acrescentou Meirelles.
Recentemente imagens inéditas desses índios foram divulgadas pela organização não governamental (ONG) Survival International, sediada em Londres, Inglaterra. Desde 2000 a Funai já sabe da existência de mais de mil índios isolados na região, pertencentes a esse e a mais três grupos. Há inclusive filmagens que foram cedidas à BBC para um documentário que deverá ser veiculado até o final do ano.
De acordo com a ONG, as imagens recém-divulgadas mostram uma comunidade “próspera e saudável”, com cestos cheios de mandioca e mamão fresco cultivados em suas roças.