Médico sugere prevenção para reduzir possível impacto da gripe suína no Brasil

Infectologista da UFRJ diz que o Brasil não contém medicamento suficiente para combater a doençaAdotar medidas de prevenção contra a contaminação pela gripe suína é o que a população deve fazer no momento para evitar a disseminação do vírus Influenza, já que o Brasil não contém medicamento suficiente para combater a doença caso ela chegue ao país. É o que recomenda o infectologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Edmilson Migowiski.

Em entrevista concedida nesta quarta, dia 29, ao programa Revista Brasil da Rádio Nacional, o especialista explicou que uma epidemia no país geralmente atinge de 10% a 30% da população brasileira, que conta com 200 milhões de pessoas. Segundo ele, o Brasil tem nove milhões de medicamentos para o tratamento do vírus Influenza.

? Digamos que eu tenha 20% da população infectada, seriam 40 milhões de pessoas. Então, eu só tenho 25% do tratamento. A gente não tem condições de enfrentar uma epidemia de gripe. A gente não teve condições de controlar a de dengue, que é uma doença que não é transmissível entre pessoas, que dirá a gripe ? analisou Migowiski.

O entrevistado disse que já foi observado na gripe suína um grau de letalidade maior que o da gripe comum e até mesmo que o da Espanhola, doença ocorrida no início do século passado. No entanto, a doença não é tão letal em relação à gripe aviária, mas com maior poder de disseminação, fato que também a torna perigosa.

Porém, o médico esclareceu que há formas eficientes de prevenção contra o vírus que já atingiu pessoas em nove países até o momento. Ele também indicou a vacinação contra a gripe comum.

? Vai coincidir a circulação do vírus sazonal comum com a possível chegada do vírus do porco aqui. Não tem nada provado que essa vacina [contra a gripe comum] possa proteger contra a gripe suína, mas é uma confusão a menos ? acredita o médico.

O infectologista destacou a necessidade da vigilância pontual em portos e aeroportos. Para ele, é imprescindível que haja máscaras e medicamentos específicos para o vírus Influenza em aviões e navios.

? Não dá para você deixar uma pessoa vir tossindo da Europa para cá num vôo de 10 horas, contaminando um monte de gente. Uma vez certificado clinicamente que aquilo se trata de sugestivo de gripe, a gente tem que iniciar o tratamento e não ficar esperando a pessoa chegar aqui ? disse  Migowiski.

Dor de cabeça, febre alta, calafrios, dor no corpo, espirros e tosses são os sintomas da gripe suína. Os sinais são iguais aos da gripe comum. No entanto, segundo o especialista, dificuldades respiratórias, vômitos, náuseas, diarréias e até conjuntivite têm sido observados na contaminação pela gripe suína. A dica Migowiski é procurar atendimento médico na presença de tais sintomas.

? Seja gripe suína ou comum, o tratamento é o mesmo, a gente pode usar um medicamento que diminui a replicação desse vírus. Portanto, melhorando o estado clínico dessa pessoa que foi infectada. Utilizado um medicamento que atua na replicação do vírus, isso fará com que essa pessoa contamine menos pessoas. Portanto, a consulta médica é fundamental, existe medicamento efetivo ? completou o infectologista.