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Mercado ainda ignora orgânicos, diz agricultor do Distrito Federal

Produtor de café e de frango orgânico participou de feira do segmento em Brasília. Ele afirma que falta de isenção de impostos e de incentivos contribui para manter diferença de preços

Fonte: José Cruz/Agência Brasil

Uma feira de pequenos produtores levou ao Parque da Cidade, em Brasília, diversos produtos da área rural da região do Distrito Federal. A feira, que faz parte da campanha “Compre do Pequeno Negócio”, busca divulgar a variedade de produtos, bem como mostrar que muitas vezes as pessoas desconhecem que existem micro e pequenos empresários produzindo com mais qualidade produtos usados no nosso dia a dia.

A ação faz parte das comemorações do Dia Nacional da Micro e Pequena Empresa (5 de outubro), e trouxe para a população maior divulgação da produção rural do DF. O objetivo é mostrar que a valorização do pequeno negócio é benéfica para a vizinhança contribuindo para a qualidade de vida e preservação do meio ambiente. 

O produtor rural Carlos Caetano afirma que os produtos agrícolas de pequenos produtores agridem menos o meio ambiente. Dono de uma propriedade de 165 hectares, em Santo Antônio do Descoberto (DF), onde produz café e frango orgânico, ele defende a pequena produção como uma alternativa para diminuir o impacto ambiental de grandes cultivos.

Em sua propriedade, ele cultiva café em regime agroflorestal, associando agricultura e criação de animais (no caso frango e algumas cabeças de gado) com árvores, de maneira a combinar a produção e conservação dos recursos naturais. O café, da variedade catuaí é cultivado sombreado e também irrigado. Segundo ele, desde o plantio, até a colheita, todo o processo é feito com o mínimo de impacto ao meio ambiente e também voltado para garantir ao máximo o aroma e o sabor dos grãos que só são torrados e moídos quando há demanda de compra.

– Estou convencido de que o alimento [industrializado] que estamos ingerindo está muito ruim. Somo campeões no uso de agrotóxicos e, como mostram muitas pesquisas, isso não faz bem para a saúde. Comecei a produzir de maneira orgânica porque penso que temos a obrigação de produzir um alimento mais saudável, aliando a isso a preservação da natureza – disse Caetano.

Preço

Único produtor de frango orgânico certificado na Região Centro-Oeste, Caetano reclama que os produtos orgânicos ainda são ignorados pelo mercado, que investe na massificação. Segundo ele, atualmente o frango orgânico produzido em sua fazenda custa mais ou menos o dobro do frango industrializado.

Ele argumenta que os pequenos produtores, em especial os que trabalham com produção orgânica não recebem nenhum tipo de isenção de imposto ou estímulo para a produção, o que contribui para que a diferença de preço seja maior.

No caso do frango, Caetano afirma que está trabalhando para reduzir essa diferença para 30% em até quatro anos.

 Diferentemente dos animais de granjas industrializadas que são criados em ambiente artificial e estimulados a se alimentarem 24h por dias, os nossos frangos são criados próximos do natural, com ração orgânica e tratados com fitoterapia para prevenir enfermidades, só administramos as vacinas obrigatórias. Todo o processo segue o que determina a legislação  disse.

Ainda de acordo com o produtor, a iniciativa, mesmo que sem muito apoio, está voltada para o desenvolvimento de novas tecnologias e de parcerias. Uma delas é com o abatedouro das aves, também certificado, e no desenvolvimento da embalagem para o café, que possui uma válvula unidirecional que expele o gás carbônico produzido naturalmente pelo café, mas evita a entrada de oxigênio e, consequentemente da oxidação do produto, o que levaria à perda das características, como aroma e sabor.

Ele defende ainda que o governo deveria ampliar os recursos voltados para a pesquisa de tecnologias envolvendo a produção orgânica. 

 Se não há investimento, a gente não tem o desenvolvimento de tecnologias adequadas para a produção, o que torna o risco do negócio maior. Mas, na medida em que você tenha mais produtividade, mais produtores envolvidos, um aumento na pesquisa, você diminui o custo  afirmou.

Feira

Cerca de 70 famílias participaram da feira em Brasília, que trouxe uma variedade de produtos hortifrutigranjeiros: mel, plantas ornamentais, sucos, pães, cafés, entre outros.

É o caso do chef de cozinha, Bruno Álvaro, de 23 anos, que estava divulgando o mel e outros produtos comercializados pela apícola do seu pai. Segundo ele, muitas vezes a população desconhece a produção, porque os pequenos produtores não têm como fazer uma propaganda  mais abrangente. 

– Espaços como este ajudam a divulgar a produção; muitas vezes o produtor não tem dinheiro para gastar com propaganda, o que dificulta tornar o seu produto conhecido e mesmo as pessoas que moram perto ficam sem saber que existe – disse o chef.

Mandioca

Para o produtor Valdaci de Freitas, que participa pela primeira vez de uma iniciativa como esta, a experiência de divulgação tem sido positiva. Ao lado da filha, ele produz mandioca, em Brazlândia (DF). O produto é embalado a vácuo, antes de ser comercializado. 

– Estamos aprimorando para oferecer melhor qualidade. Nosso produto já não leva agrotóxicos, mas a gente precisava melhorar a embalagem para atingir um público maior. Começamos a fazer isso há pouco tempo, essa aqui está sendo a nossa primeira experiência e o resultado tem sido muito satisfatório – disse Freitas.

A nova embalagem foi aprovada pelo funcionário público Arnaldo Souto Ribeiro que comprou 2,5 kg do produto. 

– É muito bom poder comprar diretamente de quem produziu, a gente fica com mais confiança no que está levando  contou.

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