COMMODITIES EM FOCO

Clima e acordo de exportação determinará preços de soja, milho e trigo

Especialista de inteligência de Mercado de Grãos da Stonex detalha os fatores que os produtores devem ficar de olho nas próximas semanas

As principais commodities agrícolas fecharam com movimentos de alta na Bolsa de Chicago nesta quinta-feira (15). Os contratos de soja e milho tiveram aumento de mais de 4% e o trigo, incremento superior a 5%.

Segundo a especialista de inteligência de Mercado de Grãos da Stonex, Ana Luiza Lodi, a alta vista nos vencimentos do milho refletem a questão climática dos Estados Unidos.

“Está em período de safra e o clima está mais seco no meio-oeste [norte-americano], com previsões de que o tempo deve ficar ainda mais seco. No caso do milho, no final de junho o cereal está em período de polinização, fase chave para a definição de produtividade das lavouras”.

Mercado da soja

Quanto à soja, as condições de chuva nos Estados Unidos também influenciam na alta dos contratos futuros. “Na soja, a fase mais importante deve se concentrar no final de julho e agosto, mas temos previsões [climáticas] mais longas, indicando que o meio-oeste, incluindo os principais estados produtores, podem mostrar um padrão mais seco ao longo de todo o verão norte-americano”.

Ana Luiza ressalta que esses fatores estão dando sustentação à soja. “Mas ainda precisamos esperar as próximas semanas e meses para ver se esse clima mais seco vai realmente se confirmar e ser mantido durante a safra”, pondera.

Influências do clima no trigo

ucrânia grãos
Foto: Reprodução

O clima no Hemisfério Norte está influenciando muito os preços das commodities. “No caso do trigo, há preocupações com o clima mais seco em parte da Europa, assim como no Canadá”.

A especialista lembra que a guerra também influencia as cotações. “O acordo de exportação de grãos pela Ucrânia está em vigor, mas os embarques tem sido lentos. A Rússia continua ameaçando a não renovar o acordo, o que também contribui para a alta no trigo”.

De acordo com Ana Luiza, um revés neste acordo pode favorecer as exportações brasileiras, principalmente do milho, visto o grande volume previsto da safra brasileira.

Futuro dos preços na Bolsa

Para Ana Luiza, é importante lembrar que é normal que o mercado climático predomine nesta época do ano, exercendo pressão sobre as cotações de commodities agrícolas.

“Se tivermos possibilidade de chuva nessas próximas previsões climáticas, pode dar uma arrefecida nessas altas [de preços] que estamos vendo”,

Segundo ela, a volatilidade das cotações continuará até que se tenha indicações mais assertivas sobre a produtividade das lavouras nos Estados Unidos, Europa e demais países produtores do Hemisfério Norte.