Commodities agrícolas têm a maior queda desde crise de 2008

Apesar da queda, o dólar alto compensa as exportaçõesAs commodities agrícolas tiveram a maior queda desde a crise financeira de 2008, mas segundo economistas o cenário não é ruim para os produtores brasileiros. A depreciação dos preços internacionais não deve preocupar o setor agrícola devido à valorização do dólar.

A moeda saiu do patamar de R$ 1,55 e agora está valendo R$ 1,80. Com isso, apesar da queda de 15% nas commodities agrícolas, o dólar alto está compensando as exportações.

Grandes compradores mundiais, Estados Unidos e Europa enfrentam uma crise, com desemprego em alta, terão crescimento econômico modesto. Diante desse quadro, os preços internacionais tiveram o pior resultado desde outubro de 2008, época da crise financeira que abalou o mundo. As exportações brasileiras foram redirecionadas para a China, que terá crescimento neste ano de 9,5%, mas tende a sofrer uma desaceleração a partir do ano que vem. 

? Inclusive de incertezas relacionadas ao nível de crescimento da China que é um grande absorvedor dessa produção de produtos agrícolas, alimentícios. Em face de todos esses problemas, é bastante provável que a gente tenha um ciclo de baixa ? afirma o economista Roberto Piscitelli

Mas com a recuperação do dólar, as exportações agrícolas estão valendo à pena.

? Do curto prazo, o que nós podemos verificar é que a safra exportada pode estar representando um certo ganho ao transferir dólar para real para um grupo de agricultores que estão nessa fase ? ressalta o professor do departamento de economia da Universidade de Brasília (UnB), Pedro Henrique Zuchi.

Com o dólar alto, as importações de fertilizantes podem encarecer a próxima safra de grãos.

? Nós teríamos que avaliar como os agricultores estão em termos de qualidade do solo, produtividade das culturas para verificar o quanto irão demandar de princípios ativos e de insumos importados e qual disso teria nas sua contas ? complementa Zuchi.

Com a queda na demanda externa, os especialistas enxergam o aumento do consumo interno como uma saída. A alta é motivada principalmente pelas classes mais pobres que tem sido beneficiadas com programas sociais e pela correção do salário mínimo.

? Se não vai ser um período de vacas muito gordas, pelo menos a expectativa é de que seja um período de manutenção do peso e, portanto, do nível de atividade e das expectativas de resultado para o setor primário ? conclui Piscitelli.