Economista alerta para possibilidade de retração da economia brasileira

Júlio Gomes de Almeida questionou o controle da inflação pelo aumento dos jurosA balança comercial do Brasil (diferença entre exportações e importações) registra um desempenho pior que o do ano passado. O saldo acumulado no ano é de R$ 11,6 bilhões, 44,9% a menos que o registrado no mesmo período no ano passado.

O saldo menor é reflexo do aumento nas importações e já coloca em risco as projeções para o fim deste ano e do ano que vem, conforme revelou o Banco Central, na segunda-feira, dia 7. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, as compras de produtos do exterior aumentaram 51,5% em comparação com o ano passado. As exportações cresceram apenas 24,4%.

Em entrevista ao Agribusiness Online, nesta terça-feira, dia 8, o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) Júlio Gomes de Almeida avaliou a situação como preocupante. Segundo ele, pode mudar o bom momento da economia brasileira, baseado em exportações que geraram saldo comercial de cerca de US$ 40 bilhões no ano passado.

? As empresas vão vendo um importado mais barato e, ao fazerem isso, criam regras, rotinas de fornecimento. É difícil mudar isso.

Para Júlio Gomes de Almeida, está por vir um período complicado para a economia brasileira. O economista lembra, por exemplo, que as taxas de juros vêm sendo aumentadas em vários países e o Brasil deve acompanhar esse processo.

? A dúvida é se isso vai controlar a nossa inflação, que já vai tomando espaço no orçamento da população. Com o aumento de juros, nossa atividade econômica vai sofrer.

O economista do Iedi ressalta que a atividade econômica do Brasil deve sofrer mais no ano que vem do que neste ano. Para 2008, segundo ele, ainda há um crescimento razoável da atividade industrial e do setor de serviços. Porém, os investimentos da indústria já dão sinais de retração.

? É ver para crer. Mas que a indústria está em desaceleração, especialmente nos setores de bens semiduráveis e não-duráveis (medicamentos, alimentos, calçados).